Saúde

Após rejeição da Anvisa, fabricante de Guarulhos afirma que pode exportar doses da Sputnik

Diretoria colegiada da agência rejeitou por unanimidade o pedido e embasou sua decisão na falta de dados básicos para análise do produto e em falhas identificadas pela área técnica da Anvisa

Em entrevista à Rádio Bandeirantes nesta terça-feira, 27/4, o presidente da União Química, responsável pela produção da Sputnik V no Brasil, Fernando de Castro Marques, afirmou que, diante da recusa da Anvisa para a distribuição da vacina no país, o laboratório poderá exportar o imunizante.

“Nossa fábrica de Guarulhos está autorizada a funcionar, tudo publicado no Diário Oficial da União. Enquanto não produzimos o Insumo Farmacêutico Ativo (IFA) na fábrica de Brasília, vamos receber de Moscou para iniciar o processo de produção no princípio de maio. Nós assinamos um contrato de 10 milhões de doses com o Programa Nacional de Imunização (PNI), dependendo da autorização da Anvisa. Nosso primeiro compromisso é esse. Agora, se até começarmos a produzir não houver liberação, vamos destinar a outros países”, afirmou Marques ao programa de José Luiz Datena.

“Já tenho uma carta de intenção de 2 milhões de doses da Argentina, mas tenho esse compromisso com o PNI. Quero resolver isso. Sou brasileiro, meus filhos estão aqui (…). Mas sem autorização, o que vamos fazer? Eu queria vender menos relaxante muscular, menos produtos para intubação e mais vacinas para salvar vidas. É para isso que vamos continuar lutando”, acrescentou o presidente.

Em reunião extraordinária, a diretoria colegiada da agência rejeitou por unanimidade o pedido e embasou sua decisão na falta de dados básicos para análise do produto e em falhas identificadas pela área técnica da Anvisa que podem comprometer eficácia, segurança e qualidade do produto. “Essa foi uma demanda judicial dos estados para tentar conseguir vacinas. Os governadores tomaram a decisão de ajuizar na Suprema Corte, não participamos do processo. Fizemos o que manda a lei: pedimos a solicitação de importação no dia 15 de janeiro. De lá para cá, passamos a fazer reuniões semanais com Anvisa, Instituto Gamaleya, fundo russo. Completamos documentos, atendemos exigências, discutimos processos. A Rússia inicialmente não era reconhecida como um país de agência ‘top’, mas o Congresso a incluiu em março, sem nenhum voto contrário. O presidente da República sancionou a lei. Mas de que adianta se a vacina não pode ser usada aqui?”, reclamou Marques.

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