Artilheiro do Campeonato Brasileiro e campeão. A quinta-feira foi especial para Jô, que deixou claro os seus próximos objetivos a curto e médio prazos: confirmar a artilharia do Nacional – tem 18 gols contra 17 de Henrique Dourado, do Fluminense – e jogar a Copa Libertadores pelo Corinthians. Acredita que o time passará a ser visto com outros olhos e deixará para trás as desconfianças.
Conseguiu dormir após o jogo?
Há muito tempo que eu não perdia uma noite de sono como perdi ontem (madrugada de quinta-feira). Dormi umas três horas só. Curti o momento com a minha esposa, que é a pessoa que mais está ao meu lado nos momentos bons e tristes, e também agradeci a Deus por tudo que conseguimos. Saí muito satisfeito de campo, foi uma noite incrível.
Durante a comemoração, te ofereceram cerveja sem álcool e você não aceitou? É a prova do novo Jô?
(Risos) Pois é, você viu? Fiquei feliz pela conquista e as pessoas que me conhecem sabem do meu caráter e do que eu me tornei. Eu sei que a cerveja era sem álcool, mas não quero mais isso para mim, nem sem álcool. Isso saiu da minha vida e as pessoas que me acompanham sabem tudo que passei.
Quando fez o segundo gol contra o Fluminense, lembrou da disputa pela artilharia?
Na hora, não. O Romero me disse, antes da partida, que eu ia passar o Dourado justamente nesse jogo e acabei fazendo dois gols. Agora passo a ter um segundo objetivo, que é ser o artilheiro do Brasileiro. Seria fantástico ser o primeiro jogador do Corinthians a conseguir isso. O objetivo está aí. É mais uma motivação para jogar. Depende do Fábio (Carille, técnico) se eu vou jogar ou não.
Você vai pedir para jogar as partidas que faltam?
Claro. Eu quero e vou pedir para jogar, pelo menos duas das três partidas que restam. Vai depender só dele (Fábio Carille) agora, mas espero entrar para a história do clube. A possibilidade de conseguir algo que ninguém conseguiu, até jogadores renomados como o Tevez (em 2005), é especial e vou em busca disso, com mais tranquilidade e menos peso, pois o título nós já garantimos.
Até pouco tempo atrás, você colocava o seu futuro no Corinthians na condicional. Hoje fala em Libertadores. O que mudou?
A gente vive o dia a dia e naquele momento era muita especulação e eu não sabia o que tinha de verdade. Então sempre deixamos em aberto, mas hoje sei que não tem nada e já vejo diferente. Existe ainda o carinho do torcedor e tenho gratidão por todo o apoio. Sonho jogar a Libertadores pelo Corinthians e como titular. Claro, se o Fábio me deixar como titular (risos). A gente repensa tudo e vê que ficar em 2018 vai valer a pena. O Corinthians vai entrar renovado e forte.
Após tanta desconfiança em 2017, o Corinthians será visto de outra forma em 2018?
Sem dúvida, pelo trabalho que fizemos, mas isso traz um risco. Temos que trabalhar muito para não entrar no oba-oba, de ser favorito. Isso vai ser natural, mas a humildade tem que prevalecer. Se achar que conquistou tudo, voltamos para a estaca zero.
Ganhar no Itaquerão, diante da torcida, é especial?
É fantástico realizar o sonho de ser campeão dentro do nosso estádio. Fui campeão em 2005, em Goiânia, mas a gente comemorou no último jogo, longe, sem poder fazer festa com a torcida. Isso já mostra como é diferente. Sou da zona leste, vi uma faixa de Sapopemba, onde eu morava, e a galera me chamando de “filho de Itaquera”. Todo esse carinho me tirou o sono após o título.
Quando jogava no CT da base, onde hoje é o Itaquerão, esperava um dia ver um estádio desse no lugar?
A gente vê o quanto o Corinthians evoluiu e no que chegou. É algo fantástico ter visto a mudança de perto. A gente treinava em um lugar que é completamente diferente do que existe hoje.
Como é sua relação com o Kazim? Ele sempre elogia você, chama todo mundo de mano e parece estar curtindo muito esse momento do Corinthians.
(Risos) Ele aperfeiçoou o português com (o estilo) paulista, que toda hora diz “mano”. Ele vem da Turquia, que tem uma torcida fanática, mas aqui encanta mais. Já joguei em outros clubes do Brasil (Internacional e Atlético Mineiro), que são espetaculares, mas o Corinthians é diferente. A gente sente algo especial quando a torcida começa a cantar.
Qual a importância da torcida nesta conquista?
Ela nos pressionou na hora que era para pressionar e motivou quando era para motivar. A gente deu a resposta em campo e isso deu uma combinação maravilhosa. Ontem (quarta-feira), a gente levou o gol, eles começaram a cantar e nos deram confiança. Depois do terceiro gol, eles acenderam sinalizadores, gritaram que era campeão e a emoção foi lá em cima. E tem outra. Cara, foram 32 mil pessoas em um treino. Isso é para ficar na história!
Uma resposta para os críticos?
Não. Tenho gratidão para todos. Quem criticou e quem elogiou são profissionais e temos de respeitar seus posicionamentos. Torcedor também é emoção e muitas vezes fala sem pensar.