Não durou nem uma semana o afastamento de Sergio Jadue da presidência da Federação Chilena de Futebol (ANFP, na sigla em espanhol). Pressionado pelos dirigentes do futebol local, Jadue não teve outro caminho senão apresentar sua carta de renúncia nesta quarta-feira, no último dia do prazo que havia sido dado a ele.
Na quinta-feira à tarde, Jadue voltou ao Chile depois de uma viagem ao Brasil para conversar com Marco Polo del Nero, presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e negou as diversas especulações de que renunciaria ao cargo. À noite, depois do jogo entre Chile e Colômbia, em Santiago, pediu uma licença médica para se afastar do comando da federação por 30 dias.
Nesta tarde, o Comitê Executivo da ANFP explicou assim a história: “Na quinta-feira passada, quando Jadue voltou ao Brasil, pedimos uma reunião urgente e extraordinária para esclarecer as notícias sobre a investigação da Justiça norte-americana. A reunião aconteceu na quinta-feira mesmo e, como Jadue não deu respostas, nem esclareceu as dúvidas levantadas, solicitou-se que ele desse um passo pelo bem do futebol chileno. Ele não esteve disposto a renunciar e apresentou uma licença de 30 dias para considerar sua situação. O Comitê reiterou que ele deveria apresentar a renúncia no mais tardar no dia depois da partida do Chile no Uruguai, o que finalmente aconteceu hoje.”
Também o secretário-geral Nibaldo Jaque Zúñiga, foi afastado do cargo, até que apresente explicações sobre a investigação aberta contra ele. Além disso, o Comitê vai pedir ao Conselho de Presidentes (a assembleia geral da federação) que amplie as atribuições da auditoria que está fazendo na entidade o ex-controlador geral da república Ramiro Mendoza.
“O Comitê, como é óbvio e necessário, deu ordem expressa a todos os setores dessa associação, para que acelerem a entrega de toda a documentação adicional requerida de maneira completa e oportuna, pois necessitamos dos resultados desta auditoria o mais breve possível”, disse o órgão.
Quando veio ao Brasil, Jadue disse que viajou para falar com Marco Polo del Nero sobre uma reunião do Comitê Executivo da Conmebol e negou veementemente que iria renunciar, disparando a metralhadora contra “um dirigente que dá dinheiro falso” e que teria soltado o boato.
Na sexta-feira passada, a Polícia de Investigações (PDI) foi à sede da ANFP, no bairro de Quilín, em Santiago, atrás do dirigente. Também eram procurados o secretário-geral Nibaldo Jaque e outros dois dirigentes clubísticos ligados à entidade: Antonio Martínez, do Everton, e Jorge Fistonic, do Deportes Iquique.
Os quatro foram intimados a depor num processo no qual a Justiça chilena investiga o pagamento de salários a dirigentes da ANFP, o que é proibido pela legislação local. A federação, entretanto, dá claros indícios de que Jadue também é investigado pela Justiça americana no âmbito da operação que levou para cadeira, entre outros, o brasileiro José Maria Marin.