O ex-ministro Ciro Gomes (PDT) e o ministro da Justiça e Segurança Pública Sérgio Moro protagonizaram troca de farpas pelas redes sociais envolvendo o fim do motim de policiais militares no Ceará, determinado na noite de domingo, 1º, após acordo firmado entre os agentes e os três poderes do Estado.
"Aprende, Bolsonaro e seu capanga Moro: no Ceará está o seu pior pesadelo! Generais, aqui manda a Lei!", escreveu Ciro Gomes, na madrugada desta segunda-feira, 13. Horas antes, Moro havia publicado mensagem afirmando que o governo federal "esteve presente, desde o início, e fez tudo o que era possível" para solucionar a crise de segurança no Estado.
Em resposta, Moro afirmou nesta manhã que a situação foi resolvida "por atuação do Governo Federal, Forças Armadas e Força Nacional". "Explorar politicamente o episódio, ofender policiais ou atacá-los fisicamente só atrapalharam. Apesar dos Gomes, a crise foi resolvida", afirma.
A atuação do governo federal ocorreu por meio de um decreto de Garantia de Lei e Ordem (GLO) que enviou soldados do Exército para patrulhar as ruas de Fortaleza durante o motim. A crise elevou drasticamente o número de homicídios, que ultrapassaram 170 casos somente na primeira semana da greve ilegal dos policiais. A Secretaria de Segurança Pública não divulgou balanço atualizado até o momento.
Horas após responder Ciro Gomes, Moro voltou a afirmar que o governo federal atuou, em janeiro do ano passado, para "debelar os atentados dos grupos criminosos organizados" junto das forças locais. "O governo federal não falta ao Ceará".
A briga pela "paternidade" do fim do motim continuou após Ciro Gomes publicar vídeo afirmando que seu governo "triplicou o efetivo da brigada" e criou a "melhor academia de Polícia do Brasil". "Ninguém na história do Ceará fez pela polícia do Ceará o que nós fizemos", disse.
<b>Expulsão</b>
Acordo selado no domingo prevê que não haverá anistia aos policiais envolvidos na greve. Em troca, uma comissão especial será convocada para atuar em processos administrativos disciplinares dos militares. O grupo será formado por representantes do Ministério Público, Ministério Público Federal, Ordem dos Advogados do Brasil e Defensoria Pública.
À reportagem, o procurador-geral de Justiça afirmou que os casos mais graves serão punidos com expulsão. "O objetivo é garantir a legalidade. Por parte dos amotinados, havia o receio de que houvesse vingança, revanche, e nada disso pode acontecer. Os processos mais graves serão punidos com expulsão e os demais, com as punições proporcionais", afirma Pinheiro. "O acordo tratou de retomar o caminho da institucionalidade".
Outros pontos do acordo preveem que o governo do Ceará não irá transferir os policiais que participaram do motim para trabalhos no interior no prazo de 60 dias. A proposta não incluiu aumento salarial diferente do que já havia sido proposto, de forma escalonada até 2022. O impacto no orçamento será o mesmo já previsto anteriormente pelo governo do Ceará, de R$ 495 milhões.