Estadão

Após 4 altas, Bolsa fecha em leve baixa de 0,28%, a com ata do Fed

O Ibovespa chegou a zerar perdas pontualmente logo no início da divulgação da ata do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) no período da tarde, mas voltou a terreno negativo, interrompendo nesta quarta-feira a sequência de quatro ganhos ao fechar em leve baixa de 0,28%, aos 122.636,30 pontos, com giro a R$ 35,3 bilhões, entre mínima de 121.595,27 e máxima de 123.013,40 pontos na sessão. Na semana, o índice da B3 avança 0,62% e, no mês, 3,15% – no ano o ganho está em 3,04%.

Na ata, o reconhecimento, na visão de "alguns" do colegiado, de que o BC americano pode iniciar nas próximas reuniões debate sobre o programa de afrouxamento quantitativo (QE) colocou os juros dos Treasuries nas máximas da sessão, assim como o dólar à vista no Brasil, a R$ 5,32. Na ata, o Fed pondera que o debate sobre o fim do QE depende de avanços na economia.

No texto, as autoridades monetárias reiteram que a inflação nos Estados Unidos aumentou, em grande parte, devido a fatores transitórios, e que a compra de ativos será mantida até que haja "progressos substanciais" quanto aos preços e o emprego. Além dos índices de ações em Nova York (Dow Jones -0,48%), o dia também foi negativo para o Brent, em queda de quase 3% para o contrato de julho, na ICE – Petrobras PN e ON fecharam o dia respectivamente em baixa de 0,76% e 0,31%.

"A sinalização de que o Fed pode diminuir o ritmo de compra de ativos gerou um efeito de realização nos mercados, que também chegou por aqui", diz Júlia Aquino, especialista da Rico Investimentos.

Ainda que cercado de ressalvas, o início das discussões sobre "tapering" contribui para a cautela dos investidores, na medida em que, desde a última reunião do Fed, apenas o presidente da distrital de Dallas, Robert Kaplan, havia apontado publicamente que a recuperação da economia ensejava a possibilidade de início da discussão sobre a retirada de estímulos. Nesta quarta, antes do anúncio da ata, o presidente do Fed de St. Louis, James Bullard, disse que o BC americano estava "mais perto" de iniciar o debate sobre a redução do QE.

Entre os setores do Ibovespa, os papéis de mineração e siderurgia voltaram a pesar sobre o índice, em resposta à queda nas cotações do aço e do minério de ferro na China, aliviadas do "receio de restrições adicionais a siderúrgicas no país, que poderiam levar a cortes de produção" no segmento, observa a analista Paloma Brum, da Toro Investimentos, chamando atenção também para a "expectativa de desaceleração de atividades de construção em meio à proximidade da chegada da estação de chuvas (na Ásia)."

Assim, CSN ON segurou a ponta negativa do Ibovespa na sessão, em baixa de 3,98%, superada apenas por Cyrela (-4,03%) – Vale ON fechou o dia em baixa de 2,05%. No lado oposto, Cemig fechou em alta de 5,07%, BRF, de 4,56%, e Eletrobras ON, de 4,17%. Além de Cemig, destaque positivo também, pelo segundo dia, para Eletrobras (PNB +3,62%), com a expectativa para votação de MP sobre a privatização da empresa.

Além do avanço do IGP-M, acima do esperado na segunda prévia de maio, o que favorece as receitas de empresas vinculadas ao índice, como as transmissoras de energia, o desempenho de ações do segmento tem reagido também a mudança de classificação tarifária. "Ao longo das últimas semanas muito tem se discutido sobre o nível dos reservatórios e, consequentemente, sobre o preço de energia", observa em nota Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos. "Em junho esperamos alcançar a bandeira vermelha 2 e, no final do ano, deverá convergir apenas para o patamar vermelha 1", acrescenta.

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