Após caminhada pelo centro de Belo Horizonte, o ex-presidente e candidato à Presidência da República Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez um discurso voltado às mulheres. Lula prometeu, se eleito, regulamentar isonomia de salário entre homens e mulheres e participação expressiva das mulheres em seu eventual governo. "Mulher e homem: trabalho igual, salário igual. Eu não sei quantas mulheres vai ter no governo, mas vai ter mulher para caramba no governo", disse Lula em discurso após a caminhada, em aceno ao eleitorado feminino.
A isonomia de salários entre homens e mulheres é uma das bandeiras da senadora e ex candidata à Presidência, Simone Tebet (MBD), que se aliou a Lula no segundo turno. Ele pediu ainda respeito às mulheres.
"Chega de feminicídio. Mulher não foi feita para ser objeto de mesa e cama. Mulher foi feita para ser sujeito da história", afirmou o ex-presidente da República.
<b>Recriação do Ministério da Cultura</b>
Lula voltou a falar sobre a recriação do Ministério da Cultura e prometeu a criação de um comitê de cultura para cada capital brasileira a fim de "nacionalizar" a cultura. "Para não ficarmos refém do eixo Rio-São Paulo, para que artistas de todos Estados tenham oportunidade. Cultura não será vista como coisa de bandido. Cultura vai ensinar esse povo a ter consciência política para nunca mais votar em genocida para presidência da República. Vamos fazer da cultura indústria para gerar emprego e renda", afirmou.
O ex-presidente também mencionou novamente a criação dos povos originários sob o comando de um homem ou mulher indígena.
<b>Medidas contra o garimpo ilegal</b>
O candidato petista prometeu medidas duras contra o garimpo ilegal. "Não haverá espaço para garimpo ilegal nesse País. A lei será dura. Esse País tem terra para todo mundo plantar", disse Lula, mencionando que há 30 milhões de hectares de pastagens degradados no País que podem ser recuperados e convertidos para a agricultura. "Todo e qualquer produtor decente do agronegócio sabe que é melhor manter a floresta em pé do que derrubar. Quem derruba não é produtor, é criminoso contra a humanidade", disse, em mais um aceno ao agronegócio – setor majoritariamente aliado ao presidente Jair Bolsonaro (PL).
Ele também prometeu "cuidado especial" para a Serra do Curral, serra localizada na região de Belo Horizonte que enfrenta imbróglio jurídico sobre a exploração da mineração.
<b> Revolução pacífica </b>
O ex-presidente concluiu o discurso dizendo que no dia 30 de outubro – data do segundo turno – será feita uma revolução no País. "Nós vamos aumentar a diferença do genocida. Vamos ir para urnas tranquilamente. Vamos pacificamente, no dia 30, fazer a revolução mais pacífica que o mundo já conheceu, no dia 30, nas eleições presidenciais", apontou.
Antes da fala, Lula ergueu e movimentou uma bandeira do Brasil aos militantes. O histórico das eleições mostram que o candidato que vence em Minas Gerais ganha a disputa nacional. No primeiro turno, Lula obteve 48,29% dos votos do Estado contra 43,60% do presidente Jair Bolsonaro, espelhando a média nacional.
Lula disse que Minas Gerais é um Estado "efetivamente" diferente e prometeu retornar mais uma vez a Minas durante o segundo turno. "Agora sei porque foi aqui em Minas Gerais que surgiu o primeiro embrião da independência do Brasil. O que vocês mostram hoje é que Minas não suporta opressão, vandalismo. Minas quer democracia, quer educação, emprego, cultura, oportunidades para jovens", disse à militância mineira.
Ele estava acompanhado do ex-prefeito de Belo Horizonte e ex-candidato ao governo do Estado, Alexandre Kalil (PSD), senador Alexandre Silveira (PSD-MG) e dos deputados federais Reginaldo Lopes (PT-MG) e André Janones (Avante-MG), que entoaram cânticos em apoio ao ex-presidente.
Mais cedo, o prefeito da capital mineira, Fuad Noman (PSD), declarou apoio a Lula. O cantor Chico Buarque acompanhou o ato.
<b>Debates</b>
Lula disse que vai participar de dois debates com o presidente Jair Bolsonaro (PL), ao qual se referiu como "genocida". O ex-presidente disse que Bolsonaro precisa se preparar para o debate para levar ideias e não mentiras e provocações baratas.
"Vamos para a televisão para conversar com o povo brasileiro. Será o dia que o povo vai escolher entre o bem e o mal, entre o amor e o ódio, entre a paz e a guerra. Vamos poder dizer que não queremos muita coisa. Queremos apenas que nossas famílias vivam dignamente", disse Lula.