O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, apresentou nesta quinta-feira, 11, o ucraniano Volodmir Zelenski como Vladimir Putin na cúpula da Otan, em Washington. Horas depois, em sua primeira entrevista coletiva desde o debate com Donald Trump, reafirmou seu desejo de disputar a reeleição.
"Quero passar a palavra ao presidente da Ucrânia, que tem tanta coragem quanto determinação. Por favor, deem as boas-vindas ao presidente Putin", disse Biden, que percebeu o erro enquanto se virava para deixar o púlpito e emendou: "Presidente Putin? Presidente Zelenski. Eu estou tão focado em derrotar Putin."
"Eu sou melhor", disse Zelenski dirigindo-se ao púlpito. "Muito melhor", concordou Biden, que tem sido um dos principais aliados da Ucrânia na guerra contra a Rússia de Vladimir Putin. O erro foi ao ar nos jornais americanos do começo da noite das emissoras ABC, CBS e NBC News – os mais assistidos dos EUA.
Poucas horas mais tarde, no início da aguardada entrevista coletiva que concedeu, Biden se equivocou novamente ao mencionar a "vice-presidente Trump" em vez de citar o nome de Kamala Harris.
Trump, em uma publicação em seu site de mídia social, zombou de Biden por se referir a sua vice como "vice-presidente Trump", escrevendo: "Ótimo trabalho, Joe!"
Na entrevista coletiva, Biden tentou se defender do erro de linguagem no evento da cúpula da Otan ao trocar o nome de Zelenski, dizendo que percebeu o erro imediatamente. "Eu disse, aqui, Putin. E então eu disse, Não, me desculpe, Zelenski ", relatou Biden a um repórter que perguntou sobre o erro. "E então eu adicionei outros cinco nomes", afirmou Biden.
Questionado se ele estava prejudicando a posição dos EUA no mundo ao insistir em sua candidatura, Biden respondeu: "Você viu algum dano à nossa posição, na minha liderança, desta conferência (da Otan)? Você viu uma conferência mais bem-sucedida? O que acha?"
Biden enfrentou uma intensa série de perguntas de repórteres pela primeira vez desde seu desempenho desastroso no debate da CNN. As perguntas se concentraram, em boa parte do tempo, nas consequências do debate e nas preocupações sobre a viabilidade de sua reeleição, na falta de apoio de doadores, entre outras questões.
O presidente, porém, insistiu que está apto para concorrer. Segundo ele, esta corrida não é sobre política, mas sobre a democracia, que está sob risco. "Preciso encerrar esse trabalho, porque há muito em jogo", disse, ao responder uma das últimas perguntas. "Não estou desistindo."
<b>Oportunidade</b>
A reunião da aliança militar em Washington era considerada crucial no esforço para salvar a campanha à reeleição do fogo amigo de democratas preocupados com sua idade e aptidão para o cargo. Uma reportagem do <i>New York Times</i> afirmou ontem que parte de antigos assessores políticos e conselheiros de Biden tem se concentrado nos últimos dias em uma maneira de convencê-lo a deixar a campanha. A reportagem citou três fontes próximas das conversações.
O presidente, de 81 anos, tem enfrentando críticas e sido pressionado a desistir da reeleição desde seu desastroso desempenho no debate com Trump no mês passado.
Pelo menos dois assessores disseram que Biden não deveria insistir em um segundo mandato, de acordo com o <i>NYT</i>. Ao lado de outros assessores, eles planejam convencer o presidente democrata de que a derrota para Trump é provável caso ele se mantenha na campanha e que outro nome, como Kamala Harris, tem mais chances. Segundo a reportagem, Biden também precisa ser convencido de que o processo do partido para a escolha do novo nome, caso ele se retire, será ordenado e não se transformará em caos.
As discussões em torno de como convencer o presidente ainda não chegaram a Biden, de acordo com as fontes ouvidas pelo <b>NYT</b>. A Casa Branca negou que haja qualquer discussão. "Inequivocamente, isso não é verdade", disse Andrew Bates, um porta-voz da Casa Branca, ao jornal americano. Um porta-voz da campanha, TJ Ducklo, também negou que haja esse debate. Pessoas mais próximas do presidente estão inflexíveis quanto à permanência de Biden na corrida presidencial.
<b>Força</b>
Silenciosamente, segundo o <i>NYT</i>, a campanha de Biden está testando a força de Kamala contra Trump em uma pesquisa direta com eleitores. A pesquisa é a primeira desde as discussões para substituir o cabeça de chapa. Segundo o jornal americano, a sondagem poderia ser uma tentativa da equipe de reunir informações para defender o nome de Kamala ou, por outro lado, concluir que Biden ainda é a opção mais forte do partido.
Entre os eleitores ouvidos em uma pesquisa do instituto Ipsos para o Washington Post, a maioria dos democratas acha que Biden deveria se afastar. A pesquisa divulgada ontem também mostrou que a disputa continua acirrada entre Trump e Biden, mas indica que Kamala sairia um pouco melhor se o substituísse na votação.
<b>Disputa acirrada</b>
Biden e seus assessores rejeitam pesquisas que mostram preocupação com sua idade ou capacidade de ser presidente e estão encorajados após as sondagens mostrarem uma disputa acirrada entre ele e o republicano duas semanas após o debate.
De acordo com o instituto Cook Political Report, uma organização respeitada que analisa o cenário eleitoral, seis Estados-chave no colégio eleitoral americano estão mais favoráveis a Trump do que a Biden. Isso reflete o desafio crescente enfrentado pelo democrata, mas outras pesquisas dão indicativos de que ele permanece na frente do republicano em alguns segmentos e alimentam a convicção do presidente e do seu grupo mais próximo de colaboradores de que é possível se recuperar do desempenho do debate.
Um memorando do alto escalão da campanha de Biden distribuído à equipe ontem reafirmou a ideia de que Biden ainda é o melhor candidato para derrotar Trump. No entanto, além de diversos doadores, 15 deputados e 1 senador democratas pediram, até ontem, para que o presidente desista da reeleição. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)
As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>