Estadão

Após crise no MEC, Bolsonaro recebe evangélicos no Palácio do Planalto

Na tentativa de reforçar laços com os evangélicos após os atritos na esteira da crise no Ministério da Educação (MEC), o presidente Jair Bolsonaro recebeu nesta terça-feira, 5, no Palácio do Planalto, o presidente da Frente Parlamentar Evangélica, deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), e o pastor José Wellington Costa Junior, da Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil. O encontro ocorreu fora da agenda.

Foi a própria bancada evangélica que mais pressionou Bolsonaro para a demissão de Milton Ribeiro do MEC. A queda veio dez dias após o <b>Estadão</b> revelar a existência de um gabinete paralelo que atuava no ministério. O grupo, capitaneado por pastores, cobrou propina até em barras de ouro para a liberação de verbas e intermediava encontros com o então ministro. Ribeiro também era pastor. Líderes de igrejas viram desgaste para os evangélicos e exigiram a saída do titular da Educação.

Sóstenes afirmou que ele e Costa Junior foram convidar Bolsonaro para a Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil (CGADB), que deve reunir até 100 mil pastores em Cuiabá, entre os próximos dias 18 e 21. "É a maior convenção de pastores do Brasil", resumiu o presidente da Frente Parlamentar Evangélica.

O deputado disse que Bolsonaro confirmou presença no encontro, no dia 19. Negou, porém, que tenha tratado com o presidente sobre a crise no MEC ou a sucessão na pasta. Disse, ainda, não haver atritos do governo com os evangélicos. "Para mim, é página virada", observou.

Os evangélicos são o pilar dos planos de reeleição de Bolsonaro e, por isso, o presidente tem interesse em manter a melhor relação possível com as igrejas. Em 8 de março, o chefe do Executivo promoveu uma recepção no Palácio da Alvorada para líderes de igrejas pentecostais e neopentecostais que o apoiam.

As negociações para manter o Republicanos, partido que abriga pastores licenciados da Universal do Reino de Deus, na aliança eleitoral também foi planejada por Bolsonaro como forma de garantir o apoio dos evangélicos mais conservadores.

Após duras negociações que envolveram a filiação de Damares Alves e Tarcísio de Freitas, o Republicanos bateu o martelo e estará ao lado de Bolsonaro na busca por novo mandato. O partido também fechou com o PL no Rio Grande do Sul e terá o vice-presidente Hamilton Mourão, recém-filiado à legenda, como candidato ao Senado na chapa de Onyx Lorenzoni (PL), candidato ao governo gaúcho.

Após reclamar de "falta de espaço" na campanha de Bolsonaro e no próprio governo, o Republicanos havia ameaçado apoiar outro candidato nas eleições. Para não perder a legenda no "tripé da reeleição" – como o governo costuma chamar o pacto entre PL, Progressistas e Republicanos -, Bolsonaro cedeu. Com isso, os ex-ministros Tarcísio de Freitas, que será candidato ao governo de São Paulo, e Damares Alves, que agora planeja concorrer a deputada federal, se filiaram ao Republicanos. Pastora pentecostal, Damares confidenciou a interlocutores, porém, que prefere integrar a coordenação da campanha de Bolsonaro a ser candidata, justamente para virar o elo com os evangélicos no comitê da reeleição.

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