O presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou nesta quinta-feira que quaisquer atritos na relação com o presidente peruano, o esquerdista Pedro Castillo, estariam superados. A declaração foi feita pouco antes do encontro com o líder do país vizinho, em Porto Velho, e após o próprio Bolsonaro criticar a eleição do Peru, no ano passado. Em julho de 2021, quando a eleição de Castillo era iminente, Bolsonaro afirmou em um evento evangélico: "perdemos o Peru". O presidente peruano é de esquerda na economia, mas conservador nos costumes, e considerado autoritário pela oposição do país vizinho.
"Queremos América do Sul livre, liberdade de expressão, de imprensa. Logicamente que esse encontro tem a ver com isso, só podemos ter boa relação se democracia imperar", disse Bolsonaro antes do encontro. Questionado se a relação já estaria normalizada, o presidente respondeu "Tudo superado. Todos os países são importantes para nós aqui na América do Sul".
O chefe do Executivo ainda afirmou que não discute eleições de outros países, mesmo após se posicionar sobre diferentes pleitos pelo mundo. Ele chegou a apoiar abertamente a reeleição do ex-presidente americano Donald Trump, derrotado pelo eleito Joe Biden em 2020.
"Política cada um cuida do seu pedaço. Temos interesse e povo é responsável por suas escolhas. Não vou discutir se povo votou certo ou errado em qualquer lugar do mundo. Temos experiência de alguns países aqui na América do sul, parece que não deu certo. Parece que é sinal de alerta", disse o Bolsonaro.
<b>Agenda</b>
Bolsonaro estava reunido por volta das 13h com Castillo no Palácio Rio Madeira, sede do governo de Rondônia. "Vamos tratar de questões de defesa, crimes transnacionais, comércios, cooperações das mais variadas possíveis. O espírito de um bom relacionamento. Os dois países têm muito a ganhar com isso", declarou. "A expectativa é que seja um encontro bastante produtivo. O Brasil está bem no mundo todo".
De acordo com o chefe do Executivo, uma rodovia para dar acesso do Brasil ao Oceano Pacífico também estará em pauta do encontro.
<b>Críticas ao PT</b>
Para dar continuidade à estratégia de polarizar com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em ano eleitoral, Jair Bolsonaro voltou a criticar as gestões petistas pelo financiamento de obras em Cuba e na Venezuela.
"Parabéns ao PT pelo metrô de Caracas e pelo porto de Mariel", ironizou o presidente em declaração à imprensa antes de se encontrar com Pedro Castillo.
Bolsonaro ainda voltou a dizer que não vai rever a reforma trabalhista aprovada em 2017 no Brasil. Ele já havia afirmado isso na quarta-feira, na cerimônia de abertura dos trabalhos do ano legislativo, no Congresso. O PT defende a anulação da reforma trabalhista aprovada no governo Michel Temer (MDB) caso Lula seja eleito presidente.
Em outro aceno à sua base eleitoral, o chefe o Executivo também defendeu a diminuição de multas no campo. "Por que o agronegócio gosta da gente? Com Ricardo Salles (ex-ministro do Meio Ambiente), diminuímos a multagem (sic) no campo. Não é mais política de Estado", declarou. Em seguida, Bolsonaro a realização de novos contratos de concessão de rodovias no País.