O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, afirmou nesta segunda-feira, dia 15, que o Brasil condena o ataque com drones e mísseis do Irã a Israel, realizado no sábado passado, de dimensões sem precedentes. Após críticas e cobranças políticas internas e externas, o chanceler brasileiro mudou o tom sobre o ataque ao território de Israel, promovido pelos iranianos.
"O Brasil condena sempre qualquer ato de violência e o Brasil conclama sempre o entendimento entre as partes", disse o ministro, ao ser questionado por jornalistas, no Palácio do Itamaraty.
No dia dos ataques, por volta das 23h no horário de Brasília, o ministério divulgou um posicionamento que não condenava o ataque com centenas de drones e mísseis disparados por Teerã.
Vieira demonstrou incômodo ao ser questionado, pelo fato de a pergunta ter sido feita durante a visita oficial da chanceler da Argentina, Diana Mondino.
"A nota é essa, a nota foi feita. Ela foi feita à noite, às onze da noite, quando todo o movimento começou, e nós manifestamos o temor de que o início da operação pudesse contaminar outros países. Mas isso foi feito à noite, num momento em que não tínhamos, claro, a extensão ou o alcance das medidas tomadas. Fazemos sempre um apelo para contenção e entendimento entre as partes", disse Mauro Vieira.
Um dos que havia criticado a manifestação do Brasil foi o embaixador de Israel em Brasília, Daniel Zonshine, que disse esperar por uma "condenação" clara a respeito do ataque.
A nota oficial dizia que o governo brasileiro "acompanha, com grave preocupação, relatos de envio de drones e mísseis do Irã em direção a Israel, deixando em alerta países vizinhos como Jordânia e Síria".
"Desde o início do conflito em curso na Faixa de Gaza, o governo brasileiro vem alertando sobre o potencial destrutivo do alastramento das hostilidades à Cisjordânia e para outros países, como Líbano, Síria, Iêmen e, agora, o Irã", afirmou o comunicado. O Brasil apela a todas as partes envolvidas que exerçam máxima contenção e conclama a comunidade internacional a mobilizar esforços no sentido de evitar uma escalada."
O governo Luiz Inácio Lula da Silva e o governo de Binyamin Netanyahu vivem uma crise diplomática – não há relação política próxima, e Lula passou a ser considerado persona non grata em Israel por ter comparado, em fevereiro, a guerra na Faixa de Gaza contra os terroristas do Hamas ao holocausto, o extermínio em massa de judeus cometido pela Alemanha nazista.
Desde então, não houve entendimento. Israel tem investido em relacionamento com políticos de oposição a Lula, como o ex-presidente Jair Bolsonaro e governadores de direita. O governo Lula manifesta reiteradamente posições contrárias a Israel e favoráveis aos palestinos.
Com ajuda de países aliados, como Estados Unidos, Reino Unido e outros da região, a exemplo da Jordânia, Israel disse ter conseguido abater cerca de 99% deles no ar, grande parte antes do espaço aéreo do pais.
O regime dos aiatolás anunciou o ataque como uma resposta ao bombardeio de um complexo diplomático iraniano em Damasco, Síria, que matou ao menos sete militares da Guarda Revolucionária.