Estadão

Após demitir Bichara, COB divide função entre dois dirigentes do judô

Dois dias após demitir Jorge Bichara de forma inesperada, o Comitê Olímpico do Brasil (COB) anunciou nesta quinta-feira que a função exercida pelo então diretor será dividida entre dois novos dirigentes da entidade, Ney Wilson e Kenji Saito, ambos vindos da Confederação Brasileira de Judô (CBJ).

Bichara ocupava o cargo de diretor de Esportes do COB. Após demitir o dirigente, o COB decidiu dividir a função em duas: a Diretoria de Alto Rendimento e a Diretoria de Desenvolvimento. A primeira ficará sob o comando de Ney Wilson. Kenji Saito vai liderar a segunda.

Ambos já trabalharam juntos na CBJ, entidade já comandada pelo atual presidente do COB, Paulo Wanderley. "Tenho profundo respeito e admiração pelos dois e considero que a sinergia será importante na missão de entregar resultados no ciclo Paris-2024 melhores do que em Tóquio. Ambos trabalharão em parceria com atletas e as confederações incessantemente para garantir a execução dos projetos", disse Wanderley.

"A divisão de Esportes entre dois diretores vai ao encontro da proposta que temos adotado nos últimos anos, de divisão dos departamentos. Foi assim com as áreas Administrativa e Financeira e, mais recentemente, com Comunicação e Marketing. Tudo isso para atender ainda melhor o esporte brasileiro", explicou.

A demissão de Bichara pegou de surpresa atletas e treinadores de diferentes modalidades do País. Ele estava no COB há 17 anos e foi responsável por alguns feitos, como acreditar no potencial dos campeões olímpicos Isaquias Queiroz, da canoagem velocidade, e Rebeca Andrade, da ginástica artística, e Ana Marcela Cunha, da maratona aquática.

Nos bastidores, imagina-se que a movimentação tenha motivação política, já de olho na próxima disputa eleitoral da entidade, em 2024. Bichara é muito querido pelos esportistas e sua demissão não pegou bem com a Comissão de Atletas. Foi por causa do profissional que os atletas decidiram apoiar a atual gestão, que acabou sendo eleita. O temor era de que a chapa de oposição, caso vencesse, trocasse Bichara e colocasse outro diretor no lugar. Isso fez com que muitos atletas apoiassem Paulo Wanderley no pleito.

O presidente terá agora nas duas diretorias pessoas com quem trabalhou na CBJ. Ney Wilson, de 63 anos, atuava na confederação desde 2001. Lá foi gestor de Alto Rendimento e ajudou a modalidade a conquistar 14 medalhas em Jogos Olímpicos. Ele é mestre em Educação Física pela Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Kenji Saito, de 39 anos, atua no COB desde 2018 e ocupava a posição de gerente-executivo de Desenvolvimento Esportivo. Na CBJ, foi gestor das categorias de base. Também atuou nos Comitês Organizadores dos Jogos Olímpicos Rio-2016 e Tóquio. Ele é mestre em Ciências do Esporte e Estudos Olímpicos pela Universidade de Tsukuba, no Japão.

"Nós temos a certeza de que, com Ney e Kenji, a diretoria de Esportes atuará de forma integrada e absolutamente focada na preparação das equipes brasileiras para as principais missões do ciclo Paris-2024 e no desenvolvimento de novos talentos. A gente só tem aumentado o repasse para as Confederações e o para os atletas, e isso jamais será alterado", comentou Rogério Sampaio, diretor-geral do COB.

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