Estadão

Após eliminação em Tóquio, Pia Sundhage projeta próximo ciclo: Futuro promissor

Uma derrota doída, que serve de combustível para trabalhar por mais. Assim a técnica sueca Pia Sundhage resumiu a eliminação da seleção brasileira diante do Canadá, nesta sexta-feira, nas quartas de final dos Jogos Olímpicos de Tóquio-2020. Para a treinadora, um ritmo de jogo mais veloz poderia ter ajudado a equipe na partida.

"Estou muito triste e peço desculpas por não termos conquistado a vaga nas semifinais. Tenho que voltar e fazer melhor meu dever de casa para que a gente se saia melhor da próxima vez. Acho que o jogo foi emocionante, nós jogamos bem, mas talvez pudéssemos imprimir um ritmo mais veloz. No fim das contas, o Canadá dificultou muito as coisas para nós, e perder nos pênaltis é muito difícil", lamentou.

Pia completa, neste mês, dois anos no comando do Brasil. Para o próximo ciclo, ela vê como prioridade o desenvolvimento de dois aspectos da equipe: o físico e o psicológico.

"A mensagem que fica é que o futuro do futebol feminino brasileiro é promissor. Se o Brasil quer, e nós queremos, estar o mais alto possível no nível internacional, precisamos trabalhar duas coisas: melhorar nosso condicionamento físico, para ter a capacidade de fazer, ao fim do jogo, todas as coisas maravilhosas que somos capazes de fazer no início da partida ou de um torneio, e também um pouco do aspecto psicológico. Juntos, esses dois compõem também a força de um time. Eu acho que fomos um time bem coeso, e acho que há margem para melhora nesses setores", admitiu.

Pia fez ainda um balanço desse período à frente da seleção e também apontou que tipo de habilidades as jogadoras brasileiras precisam desenvolver para conseguir um espaço na equipe. Diante da renovação do setor de meio-campo, com a despedida de Formiga das Olimpíadas, por exemplo, a técnica vê a necessidade de contar com peças que consigam contribuir tanto no ataque quanto na defesa.

"Em relação ao que nós conseguimos melhorar nesse período, acredito que nossa defesa é mais organizada do que antes. Mas é verdade que nós precisamos muito de meias que controlem o ataque. E eu gostaria de ver mais meias como a Angelina, que para mim é parte desse futuro, com qualidade nos dois lados. Quando você olha para trás e pensa na partida, talvez venha à mente: podíamos ter feito mais no ataque. Mas aí talvez não conseguíssemos ser tão consistentes na defesa. Para mim, é uma questão de equilíbrio", disse, projetando os próximos passos para esse desenvolvimento.

"No fim das contas, nós não perdemos, mas precisamos marcar mais gols. E encontrar jogadoras criativas no meio é muito importante porque essa jogadora precisa tanto de habilidades ofensivas quanto defensivas. Precisamos acionar jogadoras como a Tamires, e dar um jeito de encontrar o caminho no último terço do campo para achar o último passe. Atualmente, nós temos essas jogadoras no Brasil, mas elas não são tão boas defensivamente e não conseguem jogar 90 minutos nesse nível que o futebol internacional exige. Mas nós temos essas jogadoras, então o meu trabalho é incentivá-las a melhorar o condicionamento físico e a organização, já que o jogo exige atacar e defender juntas", concluiu.

Com a derrota para o Canadá nos pênaltis, a seleção feminina dá adeus à disputa dos Jogos Olímpicos de Tóquio-2020. A equipe agora volta as suas atenções para o próximo ciclo, que inclui as disputas da Copa América e do Mundial de 2023, que será na Austrália.

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