Estadão

Após Fed, Ibovespa acompanha Nova York e cai 0,13%, aos 101,8 mil pontos

Acompanhando Nova York, o Ibovespa chegou a se firmar em discreta alta após a decisão de política monetária do Federal Reserve que, conforme esperado, elevou a taxa de juros de referência dos Estados Unidos em 25 pontos-base, para a faixa de 5,00% a 5,25% ao ano. No fechamento, o índice da B3 mostrava leve perda de 0,13%, aos 101.797,09 pontos, tendo oscilado entre mínima de 101.433,34 e máxima de 102.331,07 pontos (+0,40%), após abertura aos 101.926,95 pontos. O giro seguiu restrito, a R$ 20,3 bilhões. Na semana e no mês, o Ibovespa cai 2,52%, colocando as perdas no ano a 7,23%. Após dois recuos neste início de maio, o nível de encerramento, hoje, foi o mais baixo desde 6 de abril, então aos 100.821,73 pontos.

O Fed reiterou que irá considerar, nas próximas decisões sobre juros, o efeito cumulativo dos ajustes já efetivados na taxa de referência. E, com outras nuances de tom no comunicado, o mercado, aqui e fora, a princípio auscultou sinais de que o BC americano estaria telegrafando inclinação por uma pausa no aperto monetário. Na entrevista coletiva, contudo, o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, esfriou o entusiasmo que se esboçava, e que levou o Nasdaq a subir pouco mais de 1% no melhor momento da tarde – o índice de tecnologia reúne as chamadas ações de "crescimento", mais expostas à perspectiva para os juros americanos. Ao fim, Dow Jones mostrava queda de 0,80%, S&P 500, de 0,70%, e Nasdaq, de 0,46%.

Na coletiva, azedando o humor dos investidores, Powell enfatizou que a instituição pode voltar a apertar a política monetária, caso seja necessário. Segundo ele, o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) não tomou decisão, hoje, sobre eventual pausa no atual processo de elevação dos custos de crédito, o que veio como um balde de água fria para os que notaram semelhança, no comunicado desta tarde, com a linguagem que os então integrantes do Fomc utilizaram, em 2006, para concluir aumentos de juros naquele período, sem promessa de pausa explícita.

Na entrevista, Powell observou que o comitê de política monetária do Fed considera que pode estar perto ou mesmo já no fim do ciclo de elevação da taxa básica, mas evitou responder se os critérios para novo aperto nos juros, em junho, ficaram mais rígidos por conta das recentes turbulências no sistema bancário. E afirmou que cortes de juros "não serão apropriados" se as projeções atuais de desaceleração gradual dos preços se confirmarem.

"O Fed ditou hoje o mercado que, à espera do que viria, ficou sem direção em boa parte da sessão, sem apetite por risco. O aumento de 25 pontos-base era o que todo mundo esperava. Antes da fala do Powell, o comunicado trazia a percepção de que o balanço de riscos segue da mesma forma, apesar da crise no setor bancário. Houve nuance no comunicado, moderação, o que animou o mercado em um primeiro momento", diz Alan Dias Pimentel, especialista em renda variável da Blue3 Investimentos, mencionando também cautela doméstica para o comunicado do Copom, nesta noite.

"Essa reunião do Copom será a primeira após a apresentação do novo arcabouço fiscal. Diferentemente do teto de gastos, o mecanismo apresentado pelo atual governo é mais brando e, como ainda há indefinições, os efeitos sobre as expectativas de inflação, câmbio, além da curva de juros, deverão vir de forma mais lenta – começaram a melhorar, mas estão longe do ideal", observa em relatório Gustavo Sung, economista-chefe da Suno Research.

Assim, entre as sutilezas do Fed e a expectativa para o Copom, as principais ações do Ibovespa tiveram performance mista na sessão, sem muita inclinação de ganho ou perda. Entre as ações de grandes bancos, o desempenho no fechamento do dia variou entre -0,31% (BB ON) e +0,88% (Bradesco PN). Entre as ações de commodities, Vale ON cedeu 0,78%, enquanto as ações de Petrobras (ON e PN) mostraram resiliência a novo tombo do petróleo, hoje na casa de 4% (após 5% de queda, ontem), cedendo apenas 0,55% e 0,35%, respectivamente, nesta quarta-feira.

Na ponta do Ibovespa, destaque para ações com exposição a câmbio, como as das companhias aéreas Gol (+5,97%) e Azul (+4,92%), com o dólar abaixo de R$ 5 no fechamento do dia, a R$ 4,99 (-1,09%). No lado oposto da carteira nesta quarta-feira, Carrefour Brasil (-9,39%), IRB (-6,77%) e Arezzo (-5,52%).

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