Após instabilidade, o Ibovespa engatou alta firme, renovando máximas, em sintonia com a melhora das bolsas americanas, apesar da queda acima da esperada do Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre dos Estados Unidos. O PIB do país cedeu 1,5% no primeiro trimestre deste ano, em termos anualizados, ante previsão de recuo de 1,4% de analistas.
Na avaliação de Jayme Carvalho, economista e planejador financeiro CFP pela Planejar, no momento de grandes preocupações inflacionárias, sinais de desaquecimento podem não gerar tanto desconforto. Isso, explica, pode fazer com que o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) não tenha de elevar um juro em um ritmo mais forte que o esperado, de meio ponto porcentual.
"Pode ser que o Fed tenha de subir menos, fazer menos esforço. Porém, há um grande temor de que um juro indo a 3% não seja suficiente para conter a inflação", avalia Carvalho.
Em meio ao recuo acima do esperado do PIB no primeiro trimestre em termos anualizados, o entendimento é de que isso reforça a expectativa de que os juros americanos subirão meio ponto, e não 0,75 ponto porcentual nos dois próximos encontros. "Com juros subindo e inflação alta, o PIB era uma realidade dada. A questão é que a ata do Fed divulgada ontem já indicou que os juros não subirão mais do que 0,50 ponto. Vamos ver em agosto, como estará a evolução dos indicadores", avalia Fabrizio Velloni, economista-chefe da Frente Corretora. "Isso demonstra que o investidor vê outras opções investimentos em outros mercados", diz Velloni.
Às 11h04, o Ibovespa subia 1,07%, aos 111.760,04 pontos, na máxima, voltando a operar no mesmo nível do fim de abril (máxima a 111.819,21 pontos).
O resultado vem após a divulgação da ata do Fed, ontem. No documento, o comitê enfatizou que os riscos inflacionários são altistas e que, com as perspectivas econômicas altamente incertas, as decisões de política monetária deveriam ser dependentes dos resultados dos dados, avalia em nota o Bradesco.
Agora, o mercado ficará no aguardo da vice-presidente do Federal Reserve, Lael Brainard, que testemunhará na Câmara dos Representantes, a fim de se buscar sinais sobre a política monetária norte-americana.
Ao mesmo tempo em que há sinais de esfriamento da economia dos EUA, a atual onda de covid-19 na China reforça esse ambiente cauteloso.
O minério de ferro por lá fechou em baixa, pesando hoje nas ações da Vale, enquanto as da Petrobras sobem com o petróleo. "China fica no radar, principalmente por causa da relação com o Brasil, da participação de ações ligadas a commodities metálicas, no Ibovespa, observa Velloni, da Frente Corretora.
Ainda estão no radar noticias internas. A arrecadação em abril, por exemplo, somou R$ 195,085 bilhões, maior que a mediana de R$ 187,884 bilhões das expectativas. Além disso houve aprovação do projeto que limita uma alíquota do ICMS para combustíveis e energia elétrica, e espera-se que seja feita a oferta de ações da Eletrobras.
A expectativa de oferta bilionária de ações da Eletrobras pode alcançar R$ 30 bilhões e deve resultar na retirada do controle da elétrica das mãos do governo. Espera-se que o pedido seja protocolado hoje na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e na Securities and Exchange Comission (SEC).
A previsão é que sejam lançadas novas ações em volume equivalente a um montante entre R$ 23 bilhões e R$ 26 bilhões. "Vamos ver o quanto movimentará. Será um teste importante", avalia Carvalho, planejador financeiro CFP pela Planejar.