Alinhado ao mau humor externo, o Ibovespa deu prosseguimento nesta quinta-feira, 29, à correção deflagrada no fim da semana passada. Tendo encerrado a última quinta-feira, 22, aos 114 mil pontos, em alta perto de 2% naquele dia e no melhor nível desde 20 de abril, o Ibovespa desde então teve quatro perdas em cinco sessões, considerando a pausa da quarta-feira (+0,07%).
Nesta quinta, chegou a parecer que fecharia abaixo dos 107 mil pontos, mas conseguiu conter danos no fim da tarde e ceder 0,73% no fechamento, aos 107.664,35 pontos, entre mínima de 106.243,52 e máxima de 108.448,54, correspondente à abertura. O giro financeiro foi de R$ 28,4 bilhões nesta quinta-feira. Na semana, o Ibovespa cede 3,63% e, no mês, cai 1,70%, faltando apenas a sexta-feira para o encerramento de setembro. No ano, o ganho é limitado a 2,71%.
Agora abaixo dos 108 mil pontos, o nível de fechamento desta quinta-feira foi o menor desde 5 de agosto, então aos 106.471.92 pontos naquela sessão.
Em Nova York, as perdas foram a 2,84% (Nasdaq) no fechamento desta quinta-feira, após terem chegado perto de 4% no índice de tecnologia, na sessão. Mesmo com a aversão a risco desde o exterior, parte dos nomes entre os mais líquidos da B3 conseguiu escapar à correção, firmando-se em alta à tarde, com destaque para Itaú (PN +1,49%) e Bradesco (ON +1,06%, PN +0,76%).
Na ponta perdedora do Ibovespa, companhias aéreas (Azul -8,79%, Gol -8,17%), com o dólar a R$ 5,39 no fechamento do câmbio, e empresas do varejo, como Americanas (-7,41%) e Magazine Luiza (-6,47%), com a alta firme nos juros futuros observada pela manhã. Destaque também para Embraer (-6,93%), Via (-6,37%) e CVC (-6,02%). Entre as ganhadoras, além de Itaú e Bradesco, destaque também para Itaúsa (+1,26%), bem como para Eneva (+1,33%), Sabesp (+0,67%), Minerva (+0,47%) e Eletrobras (PNB +0,34%).
"As taxas de juros até que se comportaram bem por aqui (à tarde), no Brasil, fechando nos vértices de 24, 25, e também no vértice um pouco mais longo, de 27, com movimento pequeno de 4 a 5 basis , dependendo do vértice", diz Luciano Costa, economista-chefe da Monte Bravo Investimentos. "Mas pela manhã teve alguma pressão nos juros (futuros), devido ao mercado lá fora, que não esteve muito favorável hoje, ainda nervoso com a dinâmica de atividade nos Estados Unidos – hoje, os dados de pedidos de auxílio-desemprego ficaram abaixo do esperado, em sinal de mercado de trabalho muito aquecido ainda -, o que se combinou a novas declarações de dirigentes regionais do Fed, como Bullard (St. Louis) e Mester (Cleveland), sobre a continuidade do ciclo de alta de juros no país", acrescenta o economista, destacando também a realização nas bolsas de fora, com o ambiente externo desfavorável.
Em Nova York, "o S&P 500 caiu bastante forte (-2,11% no fechamento)", diz Luiz Adriano Martinez, portfólio manager da Kilima Asset. "Há uma aversão a risco global, com duas causas principais: a alta de juros mais agressiva que o Federal Reserve está implementando na economia americana, deixando claro que vai subir os juros até que a inflação fique controlada, o que resulta em venda de ativos de risco no mundo inteiro; e há também a questão geopolítica, mais complicada com a anexação pela Rússia de áreas na Ucrânia (após plebiscito contestado pela comunidade internacional), o que leva o petróleo a ter comportamento diferente de outras commodities", acrescenta o gestor, referindo-se a potencial efeito sobre as condições de oferta.
Assim, com o petróleo em ajuste discreto na sessão, o segmento de energia caía nesta quinta à tarde menos do que a média de outros setores em Nova York, mesmo aqueles considerados mais resilientes, como o de utilities, observa Martinez. Dessa forma, Petrobras (ON +0,09%, PN +0,14%) teve efeito quase neutro no fechamento do Ibovespa, favorecido também por leve alta de Vale (ON +0,13%), firmada ao longo da tarde, bem como da maior parte dos grandes bancos, à exceção de BB (ON -0,54%).