O Brasil tem hoje uma fila de 90 empresas para fazer IPO (oferta pública de ações, na sigla em inglês). Essas empresas já estavam se preparando para realizar abertura de capital quando a janela de oportunidades se fechou. O problema é que, agora, elas podem não ser mais tão atrativas para os investidores depois do hiato de novos nomes na B3. Algumas delas são Madero, Casa & Vídeo, Ammo Varejo, Iguá Saneamento, Unigel e Coty.
Em relação ao apetite por papéis dessas empresas, um executivo ligado à gestão de patrimônio no mercado acionário – que preferiu não se identificar – disse ao <b>Estadão</b> que mesmo as empresas classificadas como "ruins" podem ir ao mercado realizando o seu lançamento de ações na Bolsa e encontrar algum nível de procura pelos ativos, já que o investidor pessoa física costuma ser mais aberto às companhias novas.
De acordo com ele, não se deve subestimar o apetite por empresas consideradas "ruins", porque em sua análise o investidor pessoa física tende a "cair nesses casos".
O chefe de mercados de capitais do Citi na América Latina, Marcelo Millen, acredita que uma melhora no ambiente econômico dos Estados Unidos em 2024 pode ser muito positiva para o mercado de capitais brasileiro, o que deve levar a uma nova leva de IPOs no País.
<b>Fusões e aquisições</b>
Para Denis Morante, sócio na Fortezza Partners, butique independente de assessoria em fusões e aquisições, o governo tem acertado em medidas como arcabouço fiscal e reforma tributária, o que tende a dar mais estabilidade ao real e atrair o investidor estrangeiro. Porém, ele lembra que os processos de aquisição de empresas são morosos. "O M&A (fusões e aquisições, na sigla em inglês) não para, ele só reduz o ritmo quando a perspectiva fica menos interessante, enquanto o IPO para mesmo. O prazo do M&A é mais longo, é mais calmo do que a abertura de capital", afirma ele.
Para Morante, os setores que mais devem se beneficiar da trajetória de queda do juro são varejo, tecnologia, serviços financeiros, infraestrutura e agronegócio.
Pedro Scharam, sócio da RGS Partners, escritório de M&A especializado em contratos de R$ 50 milhões ou mais, afirma que as fusões e aquisições devem ganhar fôlego neste segundo semestre. "Veremos tanto os projetos de investimento quanto o nascimento de transações que estavam embarrigadas , porque esses processos são longos e devem ser concretizados a partir de agora", afirma.
Scharam avalia também que os processos de IPO, que normalmente são feitos para levantar capital para fazer aquisições, podem ter perfil diferente para as empresas que estão endividadas e o dinheiro pode ser usado para reduzir a dívida e melhorar a qualidade da operação como um todo.
Na visão de Renato Nóbile, sócio e gestor de portfólio na gestora Buena Vista, o fim do ano deve não só ter o início de uma retomada de liquidez no mercado financeiro como também destravar investimentos de capital de risco que estavam represados pelo juro alto.
Ele avalia ainda que startups brasileiras podem ser alvos de aquisição devido ao valor de mercado mais condizente com a realidade econômica atual do que em 2021, quando os fundos de venture capital fizeram aportes recorde no Brasil e no mundo.
As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>