Estadão

Após tocar R$ 4,94 pela manhã, dólar desacelera e fecha a R$ 4,8976

Após uma arrancada pela manhã desta terça-feira, 8, quando se aproximou do nível de R$ 4,95 na máxima (R$ 4,9412), o dólar à vista perdeu fôlego ao longo da tarde e chegou a operar pontualmente em terreno negativo, com mínima a R$ 4,8898. No fim do dia, a moeda era cotada a R$ 4,8976, alta de apenas 0,06%. Foi o quinto pregão de valorização da moeda americana nas seis primeiras sessões de agosto, o que leva a ganhos de 3,55% no mês.

Analistas atribuíram a reação do real ao longo da tarde a movimentos de ajustes de posições no segmento futuro, com realização parcial de lucros no intraday, em meio à virada dos preços do petróleo no mercado internacional, após quedas de mais de 2% pela manhã.

O contrato do tipo Brent para outubro fechou em alta de 0,79%, diante de revisão para cima na projeção do Departamento de Energia (DoE, na sigla em inglês) dos Estados Unidos para o preços da commodity no segundo semestre de 2023. Operadores relataram também internalização de recursos por parte de exportadores no período vespertino, estimulada pelo dólar acima de R$ 4,90.

O real, que apanhou mais que seus pares nos últimos dias, marcados por uma depreciação de divisas latino-americanas, hoje apresentou o melhor desempenho entre as moedas emergentes e de países exportadores de commodities mais relevantes.

Lá fora, dados fracos da balança comercial chinesa em julho avivaram temores de desaceleração mais forte da economia global, deprimiram preços de commodities metálicas e agrícolas e levaram a uma busca pela moeda americana e pelos Treasuries, cujas taxas recuaram. Termômetro do desempenho do dólar frente a seis divisas fortes, o índice DXY voltou a superar a linha dos 102,500 pontos, com máxima aos 102.796 pontos.

Por aqui, o movimento comprador teria sido em parte acentuado pela manhã com a divulgação da ata do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, que reforçou a perspectiva de cortes seguidos da taxa básica em 0,50 ponto porcentual. Uma ala dos analistas pontua, contudo, que esse primeiro impacto provado pelo documento se dissipou ao longo da tarde, dado que o nível de juro real ainda seguirá elevado, potencialmente atraindo investidores.

Para o analista de câmbio sênior Elson Gusmão, da corretora Ourominas, a ata do Copom não teve papel relevante na formação da taxa de câmbio nesta terça-feira. Tirando o ambiente externo de pouco apetite por risco, o mercado parece mais atento, segundo ele, ao ruídos em torno da aprovação final do novo arcabouço fiscal na Câmara dos Deputados, cujo adiamento pode sustentar um dólar mais alto no curto prazo. "Mas a tendência ainda é de queda do dólar. Temos juros ainda algo e o investidor estrangeiro pode voltar a trazer dinheiro para a bolsa", afirma Gusmão.

Em sua ata, o comitê repete a mensagem de que vai manter "uma política monetária contracionista" para promover a ancoragem das expectativas, que vê ainda como parcial, e levar a inflação à meta de 2%.

Os membros do comitê, diz o documento, "unanimemente, anteveem redução de mesma magnitude nas próximas reuniões", em referência a cortes de 0,50 ponto porcentual. Tal ritmo seria o "apropriado para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário". Há a ponderação de que a magnitude total do ciclo de flexibilização ao longo do tempo dependerá da evolução da dinâmica inflacionária.

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