Estadão

Após vitória de Maduro, María Corina diz que está escondida e temendo pela vida

A líder da oposição venezuelana, María Corina Machado, disse em um artigo publicado no <i>Wall Street Journal</i> nesta quarta-feira, 1º, que está escondida "temendo" pela sua vida. Após as contestações levantadas pela oposição sobre sua vitória, Nicolás Maduro declarou que Corina Machado e Edmundo González Urrutia, o candidato opositor que concorreu contra o ditador, "têm que estar atrás das grades" e que a Justiça "vai chegar".

"Escrevo isso escondida, temendo pela minha vida, pela minha liberdade e pela dos meus compatriotas da ditadura liderada por Nicolás Maduro", disse Corina Machado ao iniciar o texto de opinião no qual reforça o argumento da oposição que Maduro não venceu a eleição presidencial venezuelana no último domingo, 28.

A líder opositora afirma que atas eleitorais obtidas de mais de 80% das seções eleitorais do país, que comprovam a vitória de González com 67% dos votos contra 30% de Maduro. O Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela proclamou a reeleição de Maduro com 51,2% dos votos, em comparação com 44% de González.

"Sabíamos que o governo do Sr. Maduro iria trapacear. Sabemos há anos quais truques o regime usa, e estamos bem cientes de que o Conselho Nacional Eleitoral está inteiramente sob seu controle. Era impensável que o Sr. Maduro admitisse a derrota", escreveu Corina Machado no WSJ.

De acordo com a opositora, Maduro não venceu em nenhum dos 24 estados da Venezuela. "Isso não foi confirmado apenas por quatro contagens rápidas diferentes e duas pesquisas de boca de urna independentes, mas também por cada recibo de votação que vimos chegando, em tempo real", disse.

Após a proclamação da vitória de Maduro, os protestos explodiram na segunda-feira, 29, em Caracas e outras cidades. Corina Machado denunciou uma "escalada cruel e repressiva" e afirmou que o número de mortes nas manifestações subiu para 16, enquanto Maduro culpou González Urrutia e Machado pela violência e disse que "nunca" chegarão ao poder.

"Vocês têm as mãos manchadas de sangue", disse o presidente. "Deveriam estar atrás das grades", completou. Antes disso, o ditador já havia culpado os opositores pela violência e pelos mortos nos protestos desencadeados no país, afirmando que a "Justiça vai chegar" até eles.

No artigo, ela pediu o cessar "imediato" da repressão aos protestos. "As forças de segurança do Estado mataram pelo menos 20 venezuelanos, detiveram mais de 1.000 e causaram onze desaparecimentos forçados nas manifestações"

"A maior parte da nossa equipe está escondida e, depois que sete missões diplomáticas foram expulsas da Venezuela, meus assessores na Embaixada Argentina estão sendo protegidos pelo governo do Brasil", escreveu. "Posso ser capturada enquanto escrevo estas palavras.", acrescentou.

"Nós, venezuelanos, cumprimos com o nosso dever. Votamos para tirar o senhor Maduro do poder. Agora, cabe à comunidade internacional decidir se tolera ou não um governo provavelmente ilegítimo", finalizou opositora.

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