A Arábia Saudita e o Irã tiveram divergências nesta semana sobre limites na produção de petróleo, de acordo com fontes familiarizadas com o assunto. A disputa ocorre no momento em que a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) e outros países produtores buscam acertar as diferenças, antes de uma reunião na próxima semana na Argélia na qual controles sobre a produção devem ser discutidos.
A disputa mostra a distância que ainda separa os dois rivais geopolíticos em questões econômicas, no momento em que eles estão em lados distintos na guerra civil na Síria e no violento conflito no Iêmen.
Riad e Teerã não concordaram sobre que números devem ser usados para determinar os níveis de produção de petróleo para um potencial “congelamento” – termo usado para descrever o esforço conjunto dos grandes produtores para limitar sua produção ao nível atual ou abaixo disso. O desacordo ocorreu durante uma reunião entre funcionários de médio escalão de Arábia Saudita, Irã, Catar e Argélia na sede da Opep, em Viena.
O Irã quer usar estatísticas de produção elaboradas pelos governos nacionais da Opep, enquanto os sauditas preferem avaliações independentes feitas a partir de fontes secundárias de informação, como consultorias e analistas, segundo as pessoas ligadas às conversas em Viena.
A reunião em Viena não tinha como meta fechar um acordo formal na Opep, mas as fontes disseram que havia um desejo de reduzir as diferenças em detalhes básicos antes da reunião na semana que vem na Argélia. Vários membros da Opep pressionam por um limite na produção, bem como a Rússia, que não faz parte do cartel, mas é o maior produtor de petróleo no mundo.
A escolha de um ponto de referência é crucial, já que as projeções dos governos são vistas como sujeitas a manipulações e muitas vezes divergem muito das independentes. Em 2012, por exemplo, quando a proibição europeia ao petróleo iraniano começou a atingir duramente sua produção, Teerã disse à Opep que produzia 3,7 milhões de barris por dia, estimativa 800 mil barris por dia maior que a das fontes secundárias.
O Irã quer retomar a fatia de mercado que possuía antes das sanções ocidentais, impostas por causa do programa nuclear do país. Com a retirada das sanções em janeiro, o país elevou sua produção para 3,6 milhões de barris por dia, ainda abaixo da meta de mais de 4 milhões de barris por dia de Teerã.
O ministro do Petróleo do Iraque, Jabar Ali al-Luaibi, afirmou em comunicado no fim da quinta-feira que o país apoiará um congelamento na produção, mas quer manter sua fatia de mercado em entre 4,75 milhões e 5 milhões de barris por dia. Isso implicaria um aumento na produção de entre 150 mil e 400 mil barris por dia na comparação com agosto, quando a produção iraquiana ficou em 3,6 milhões de barris por dia. “O Iraque tem sido privado de sua fatia natural de mercado há décadas por causa das guerras, portanto é natural que esteja trabalhando para compensar isso”, afirmou a autoridade no comunicado. Fonte: Dow Jones Newswires.