Em fala inicial à CPI da Covid na manhã desta terça-feira, o ex-chanceler Ernesto Araújo procurou fazer uma defesa de sua atuação enquanto esteve à frente do Ministério de Relações Exteriores. Ele deixou a pasta no final de março após forte pressão do Congresso Nacional, principalmente vinda do Senado. Segundo Araújo, sob sua gestão, o Itamaraty atuou em conjunto com o Ministério da Saúde e outras pastas no enfrentamento a pandemia – além de contribuir com mudanças em relação a governos anteriores.
Segundo ele, foi adotada uma política comercial ambiciosa e intensa, em que o Brasil foi colocado a "um passo" de se tornar membro da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). "Nos dedicamos a defender direito a vida, liberdade de crença, de opinião. Abrimos frentes (comerciais) concretas com nossos diversos parceiros. Ideologia e pragmatismo é um binômio equivocado. Meu objetivo foi contribuir para um Brasil grande e livre com economia competitiva. Sem a preservação de valores a vida humana perde sentido e significado. Defendendo valores, Brasil conseguiu assinar 180 atos internacionais", disse.
Sobre a pandemia, Araújo afirmou que o Itamaraty teve "sucesso" em trazer os brasileiros que estavam na China e em outros países. "Foi a maior operação de repatriação humanitária do País", disse. Alvo de críticas, a atuação do ex-chanceler em relação à compra de vacinas contra a covid-19 também foi comentada por Araújo.
Segundo ele, "graças a qualidade de relações com a Índia", o Brasil foi o primeiro país do mundo a receber vacinas exportadas do País. E que "graças à relação madura e construtiva com China", o País foi o que mais recebeu vacinas e insumos de vacinas fabricados no país asiático, segundo ele. "Logo no começo da pandemia, postos do Itamaraty foram instruídos a contatar pesquisas de vacinas, atuamos em conjunto com o Ministério da Saúde", afirmou o ex-chanceler.
"No final da minha gestão já tínhamos disponíveis 30 milhões doses de vacina. Também no final da minha gestão tínhamos insumos para mais 30 milhões de doses", afirmou.
<b>Convocações</b>
Antes do depoimento de Araújo, a CPI da Covid, aprovou, ainda no início dos trabalhos, a convocação do ex-secretário executivo da Saúde Coronel Antônio Elcio Franco Filho, e a convocação do presidente da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec), Hélio Angotti Netto.
O coronel Élcio atuou como o número dois do Ministério da Saúde na gestão do ex-ministro Eduardo Pazuello e foi exonerado do cargo em março deste ano. Já o presidente da Conitec é convocado a prestar esclarecimentos após o atual ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, evitar se posicionar contra o uso de fármacos sem a eficácia comprovada para o tratamento da covid-19 pois, segundo ele, a Conitec ainda estava avaliando e elaborando o protocolo de tratamento contra doença.