O procurador-geral da República, Augusto Aras, pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) nesta quarta-feira, 23, a abertura de uma investigação contra os pastores Gilmar Santos e Arilton Moura, pela atuação deles no Ministério da Educação (MEC). O pedido tem como base representações de parlamentares a partir de uma série de reportagens do <b>Estadão</b> que revelou a existência do gabinete paralelo e a cobrança de propina em dinheiro e um quilo de ouro para prefeitos em troca de recursos para a construção de creches e escolas públicas nos municípios.
Conforme apurou o <b>Estadão</b>, logo após as revelações, subprocuradores-gerais se movimentaram para encaminhar representações a Aras contra o ministro da Educação, mas a iniciativa foi abandonada na medida em que parlamentares recorreram à Justiça para cobrar respostas ao gabinete paralelo. A avaliação dos integrantes da Procuradoria-Geral da República (PGR) é de que a maior parte das denúncias deverá ser analisada pela primeira instância no Distrito Federal, sobretudo as acusações de improbidade.
Na última terça-feira, 22, diversos parlamentares de oposição acionaram a PGR e outras instâncias do Ministério Público (MP), como a Procuradoria da República no Distrito Federal, para cobrar investigações que levem à responsabilização dos pastores, do ministro da Educação e do presidente Jair Bolsonaro (PL), tido como o responsável por abrir as portas do MEC para as lideranças religiosas.
Os deputados federais Kim Kataguiri (União Brasil-SP) e Túlio Gadêlha (PDT-PE) acionaram a PGR com requerimentos pela abertura de investigação contra Milton Ribeiro por suspeita de prática dos crimes de responsabilidade e de improbidade administrativa ao conferir poderes institucionais a pastores sem cargos públicos. O pedetista ainda protocolou um requerimento de convocação do ministro da Educação para prestar esclarecimentos no plenário da Câmara sobre as revelações do <b>Estadão</b>.
Além do pedido de investigação encaminhado por Aras ao STF, a Liderança da Minoria na Câmara e o senador Fabiano Contarato (PT-ES) também acionaram a Suprema Corte cobrando providências contra o esquema de controle da agenda e dos recursos do MEC. O inquérito solicitado pelo procurador-geral deve ser distribuído por prevenção à ministra Cármen Lúcia, que relata outros processos com o mesmo tema.