O arcebispo de Aparecida, Dom Orlando Brandes, pediu justiça e prioridade ao bem em missa no Santuário Nacional da cidade paulista nesta quarta-feira, 12. Durante o sermão, ele criticou o "dragão do ódio", o "dragão da mentira" e o "dragão do desemprego e da fome". Dom Orlando afirmou ainda que o País já venceu o "dragão da pandemia". Agora, segundo ele, "temos o dragão do ódio, que faz tanto mal, e o dragão da mentira, que não é de Deus. O dragão do desemprego e da fome".
No sermão de 2019, ele havia mencionado o "dragão do tradicionalismo". E, no ano passado, defendeu que o Brasil, "para ser pátria amada, não pode ser pátria armada", mas não citou explicitamente o presidente Jair Bolsonaro (PL), defensor de mais direitos a armas para a população. Candidato à reeleição, Bolsonaro deve participar de algumas das celebrações em Aparecida.
Na segunda-feira, 10, Dom Orlando já havia assinado nota sobre o "uso político" da festividade religiosa. A Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) também publicou nota nessa terça, 11, reprovando o uso eleitoral das cerimônias católicas.
"Lamentamos, neste momento de campanha eleitoral, a intensificação da exploração da fé e da religião como caminho para angariar votos no segundo turno. Momentos especificamente religiosos não podem ser usados por candidatos para apresentarem suas propostas de campanha e demais assuntos relacionados às eleições", diz a entidade, sem citar candidatos.
Bolsonaro deve participar de cerimônias à tarde. A missa solene da manhã teve a presença do ministro das Relações Exteriores, Carlos Alberto França, e do candidato eleito para o Senado, Marcos Pontes (PL). A expectativa é que Aparecida receba cerca de 120 mil fiéis nas celebrações deste feriado, que retornam com mais força após dois anos de restrições motivadas pela pandemia.
No último sábado, 8, Bolsonaro participou de uma romaria fluvial em celebração ao Círio de Nazaré, em Belém, no Pará. O percurso é uma das 13 procissões que integram a festividade, em homenagem à Nossa Senhora de Nazaré. A Arquidiocese de Belém, responsável pela organização do evento, disse não ter convidado "qualquer autoridade seja em nível municipal, estadual ou federal" para o Círio e que não deseja e nem permite "qualquer utilização de caráter político ou partidário das atividades do Círio".