O presidente da AES Brasil, Julian Nebreda, reiterou nesta quinta-feira, 30, que o foco do crescimento do grupo no País é a área de geração, com sua controlada AES Tietê, e de serviços, com a empresa recém-criada AES Ergos. Na área de distribuição, reforçou, o objetivo é de recuperação de valor. “O Brasil é fundamental do portfólio global da AES”, acrescentou.
Especulações de que a companhia venderia seu principal ativo de distribuição, a Eletropaulo, voltaram a circular depois que o grupo anunciou a venda da outra distribuidora do grupo, a AES Sul, para a CPFL. Mas Nebreda sinalizou que não há venda em andamento. “A mim ninguém dá a mão”, disse o executivo venezuelano, que assumiu recentemente a operação da empresa no Brasil, ao ser questionado se haveriam investidores o procurando. “Falam com o jornal, mas comigo não”, acrescentou, em referência a notícias veiculadas na imprensa nacional e internacional com declarações de executivos de outros grupos de energia a respeito do interesse na distribuidora paulista.
Nebreda destacou que a Eletropaulo está em momento de recuperação de indicadores operacionais e em processo de recuperação de sua situação financeira, depois de ter sido afetada pelo déficit hídrico ao longo do ano passado, que afetou seu capital de giro. “As pessoas falam o que tem que falar, mas estamos concentrados nesse processo de recuperação”, disse a jornalistas.
De acordo com ele, mesmo em meio à “pior crise econômica dos 100 últimos anos, e com a tarifa mais alta da história do Brasil”, os indicadores de perdas e de inadimplência da companhia tiveram apenas leve piora. “O que significa que é uma empresa que está muito bem administrada”, avaliou. Ele também comentou que a distribuidora tem buscado recuperar seus indicadores operacionais de qualidade do fornecimento e contou que o indicador de frequência das interrupções (FEC), que fechou em 23 vezes no encerramento de 2015, já caiu para 18 vezes no primeiro trimestre e deve apresentar novo recuo no segundo trimestre.
No que diz respeito à situação financeira, Nebreda afirmou que a empresa está entrando em ciclo virtuoso financeiro, recuperando valor e lembrou que o ativo regulatório (a conta gráfica CVA) estava em R$ 1,4 bilhão ao final de 2015.
O executivo também comentou sobre o reajuste tarifário aprovado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) na última terça-feira, com uma queda média da ordem de 8%. Ele considerou que o resultado ficou em linha com o que a companhia esperava e que a queda ajuda a combater perdas e inadimplência, mas não revelou o impacto estimado que essa queda teria sobre a demanda. “Ainda vamos revisar o efeito”, disse.
Recursos da AES Sul
Questionado sobre qual seria o destino dos recursos que o grupo deve receber com a venda da AES Sul, Nebreda disse que isso será uma decisão dos controladores, mas disse que está trabalhando para manter os recursos no País. “Damos oportunidade para que invista mais no Brasil, mas decisão é dos controladores, nosso trabalho é apresentar as oportunidades”, disse.