Após ficar atrás dos Estados Unidos nos últimos três anos, a Argentina voltou a ser o principal destino das exportações de produtos manufaturados brasileiros e tem sido a responsável pela recuperação de uma categoria que responde por um terço das vendas do Brasil ao exterior.
Segundo previsões divulgadas esta semana pela Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), entidade que abriga empresas exportadoras e importadoras, o mercado vizinho deve absorver metade do crescimento das exportações feitas pela indústria de produtos manufaturados, que tem buscado compensar a fraqueza do mercado doméstico com aumento de vendas ao exterior.
No primeiro semestre, pouco mais de 20% das exportações totais desse setor foram para a Argentina, enquanto os EUA responderam por 19,2%. Para José Augusto de Castro, presidente da AEB, o ideal seria o contrário: o Brasil vender mais para os EUA, um mercado maior. Mas, sem condições de competir em igualdade de condições nos mercados mais disputados – e mais distantes -, a realidade dos exportadores brasileiros é, segundo Castro, a América do Sul.
“A maioria ataca os mercados onde a logística é menos cara. O câmbio (devido à valorização do real) trouxe dificuldade, mas o pior é o custo Brasil. Nosso custo não nos permite muitas vezes competir nos Estados Unidos”, comenta o executivo.
Na segunda-feira, a Organização Mundial do Comércio (OMC) criticou em relatório a política comercial do Brasil, que, para o órgão, criou um setor produtivo dependente de subsídios, pouco integrado ao mercado internacional, protegido e incapaz de competir no exterior.
Nos últimos cinco anos, as exportações de manufaturados – entre itens como carros, produtos siderúrgicos, aviões, calçados e açúcar refinado – acumularam queda de 20%. Elas voltaram a crescer no primeiro semestre deste ano, com alta de 10% ante o mesmo período de 2016. Junto com o salto dos produtos primários – sobretudo soja, minério de ferro e petróleo -, a categoria é um dos destaques de um crescimento mais difundido da pauta de exportação brasileira, que permitiu ao País ampliar em 19,3% seus embarques na primeira metade do ano.
A recuperação da economia argentina, que vem de três trimestres seguidos de crescimento no Produto Interno Bruto (PIB), é apontada como o principal motivo por trás dessa reação. De janeiro a junho, os argentinos aumentaram em 25,2% as importações de produtos manufaturados brasileiros.
A indústria automobilística responde pela maior parte desse avanço. Os argentinos estão comprando não apenas mais carros, mas também mais autopeças do Brasil. Quase 70% das exportações de veículos têm a Argentina como destino, conforme números da Secretaria de Comércio Exterior (Secex). As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.