O Arquivo Nacional, localizado no Centro do Rio de Janeiro, pode fechar as portas no mês de agosto por falta de recursos financeiros. De acordo com a instituição, o repasse de verbas feito pelo Ministério da Justiça para este ano foi reduzido em 36%, passando de R$ 22 milhões em 2016 para os atuais R$ 14 milhões.
Falta dinheiro para tudo: pagamento das contas de água, luz, gás e serviços de segurança e limpeza. A maior preocupação da equipe é com a manutenção do acervo, que guarda documentos como imagens da Família Imperial, o julgamento de Tiradentes, cartas do período colonial, arquivos da ditadura militar e papéis que comprovam a entrada e permanência de milhões de imigrantes no Brasil. No total, são 55 quilômetros de documentos e 1,8 milhão de fotografias.
“Os recursos atuais nos permitem que honremos os nossos compromissos até o mês de agosto. A Direção-Geral do Arquivo Nacional está empenhada em evitar que os serviços sejam suspensos”, afirmou o diretor-geral substituto da instituição, Diego Barbosa da Silva.
Uma reunião nesta semana poderá definir o futuro do acervo. Segundo Silva, está agendada uma reunião com membros do Ministério da Justiça e Segurança Pública para discutir a liberação de mais recursos e outros temas emergenciais, sem revelar mais detalhes.
O Ministério da Justiça e Segurança Pública afirma que irá analisar caso a caso os pedidos de reforço orçamentário que se destinarem à manutenção dos serviços prestados por seus órgãos vinculados, como o Arquivo Nacional. No mês passado, a Polícia Federal passou por situação semelhante e suspendeu a confecção de novos passaportes por falta de dinheiro. O serviço foi retomado apenas no início desta semana, após 175 mil solicitações pendentes.
Cortes
Neste ano, após a determinação do Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão de reduzir o orçamento do Arquivo Nacional, 25% dos funcionários terceirizados da instituição foram demitidos.
“Algumas decisões foram tomadas. Estamos reduzindo o consumo de luz elétrica por meio de diversas ações como desligar metade dos elevadores e o ar condicionado das áreas de trabalho. Assim, conseguimos garantir a climatização dos depósitos e preservamos a documentação”, explica Silva.
Atendimento
A possibilidade do fechamento ocorre justamente quando o interesse do público pelo acervo disponível cresceu. Entre 2016 e 2017, a procura por documentos do Arquivo Nacional aumentou 50%, de acordo com dados do próprio órgão. “Até este mês de julho atingimos 40 mil acessos, mesma quantia vista em todo o ano passado”, diz Silva. Ele também conta que as visitas aos sites e bases de dados na internet avançaram de 2,8 milhões em 2016 para 3,2 milhões até junho.
“Esse aumento deve-se, sobretudo, a procura de documentos que comprovam ascendência estrangeira para aquisição de dupla cidadania”, diz o diretor-geral substituto do Arquivo Nacional.