Estadão

Arroz: Conab formaliza revogação do leilão de 263 mil t e cancela certame previsto para amanhã

A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) formalizou nesta quarta-feira, 12, a revogação do leilão de compra pública de 263,3 mil toneladas de arroz importado e beneficiado tipo 1, realizado na última quinta-feira (6). Ontem, o governo federal anunciou a anulação do certame público. Em comunicado direcionado às Superintendências Regionais, às bolsas de mercadorias e demais interessados, a Conab informou que o leilão foi revogado e que o certame público previsto para amanhã para compra de 36,6 mil toneladas foi cancelado. O comunicado é assinado pelo diretor executivo de Operações e Abastecimento da Conab, Thiago José dos Santos, e pelo diretor presidente da companhia, Edegar Pretto.

A anulação do leilão foi anunciada ontem pelo Executivo após suspeitas de irregularidades no certame público e questionamentos quanto à capacidade, à qualificação e à idoneidade das empresas vencedoras. O governo alegou que foi detectada "fragilidade financeira das empresas" em cumprir o previsto no edital. As quatro companhias arrematadoras dos lotes são desconhecidas no setor de grãos e três delas não possuem atuação comprovada com a operação de importação e distribuição de grãos. Como mostrou o <b>Estadão</b>, uma fabricante de sorvetes, uma mercearia de bairro especializada em queijo e uma locadora de veículos estão entre as vencedoras do leilão promovido pelo governo. Das quatro empresas vencedoras do leilão, apenas uma – a Zafira Trading – atua no ramo.

Além disso, suscitaram suspeitas de conflito de interesse e as acusações de tráfico de influência no certame público, como mostrou o <b>Broadcast Agro</b>. A suspeita de conflito de interesse deve-se ao fato de que a Bolsa de Mercadorias de Mato Grosso (BMT), que negociou 116 mil toneladas das 263,3 mil toneladas vendidas no leilão, é presidida por Robson Luiz de Almeida França, ex-assessor parlamentar do então secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Neri Geller, quando este era deputado federal. Além disso, a Foco Corretora de Grãos, empresa de França, foi a principal corretora do leilão. França também é sócio de Marcello Geller, filho do ex-secretário, em outras empresas. Geller foi demitido do cargo nesta terça-feira. O ex-secretário nega o favorecimento a França e o envolvimento do seu filho, Marcello, no leilão.

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