Não são poucos os inúmeros artigos e abordagens sobre o destino da educação no nicho brasileiro pós-pandemia, que aliás ainda vivemos.
Especialistas da educação tentando propor soluções em meio ao vácuo educacional, recorrem a métodos, filosofias, estratégias, visto que alunos de todo o Brasil se debruçam ao caos e ao limbo do aprendizado. Que dirá nossos professores da educação básica então? Lançados em uma formatação plástica sob a alcunha de nova ressignificação e reinvenção de seu ofício a fim de continuar sua lida. Qual a fórmula? Não existe. Entre as várias plataformas, infelizmente tem hora para entrar, mas não para sair, se tornando além de professores, tutores, psicólogos, mentores, coaches e até orientadores espirituais. Inclusive aos finais de semana.
Foram atirados ao chamado sistema de educação a distância, vulgo ensino remoto ou EaD, que até em tão eram só mencionados nos cursos superiores, mesmo esta modalidade já ser utilizada em outros países. Apesar de novo, o ensino a distância no Brasil tem seu marco no começo do século XX, tendo expansão com a oferta de cursos em programas televisivos até chegar como conhecemos hoje.
Alunos, por sua vez, no início da era pandêmica, acharam talvez interessante ficarem em casa, sem algumas lições, sem seus professores cobrando atividades, provas e trabalhos, mas agora, um pouco mais de um ano e “isolados”, percebendo que o déficit na aprendizagem afetará seu futuro e um mercado com quase 15% de desempregados, também tiveram que se reinventar, uma vez que entendendo que fazem parte deste cenário insólito. Digo isso sobre alguns, porque em grande maioria, talvez não alcancem a dimensão do prejuízo que cada vez mais se aproxima como herança.
O estado de isolamento fez com que as famílias se adaptassem a esta realidade insólita, uma vez que seus filhos passaram a ficar mais tempo em casa.
E para muitos, além de voltarem a serem pais e mães em exercício pleno, tornaram-se professores informais para auxiliarem seus filhos em suas tarefas. Talvez para muitos, foi a forma de descobrirem que professores escolarizam e que pais também devem participar do processo de educação e aprendizagem de seus filhos, sem considerar o aumento do custo de vida.
Governos por sua vez tentam driblar a crise educacional em meio a programas, propostas de projetos, adequação de fases de isolamento. Uns optam por retornos gradativos, enquanto outros por receio de um alastre viral nas escolas prorrogam a “volta às aulas”.
Na expectativa de muitos, entre parênteses o denominado auxílio emergencial, não se sabe se continua emergencial ou contínuo por uma “cultura de programas entre programas”. E não nos esqueçamos da guerra das vacinas, que com ou sem revolta, entre perdas e danos, as indústrias farmacêuticas se salvam.
As faculdades e universidades também não escapam. Tiveram que se adequar a esta nova era. Professores de aulas presenciais passaram a lecionar em salas superlotadas virtuais, a bem de seus alunos e salvaguardar suas carreiras.
O que gurus da educação falariam hoje? Que caminho apontariam? Entre zonas de conhecimento, de uma educação não-bancaria, por uma educação protagonista, da interação como veículo de aprendizagem, do relacionamento intrínseco professor-aluno, de criar alegria no pensar, estes já não parecem tão certos. O caminho para toca do coelho e o Shangri-lá para a educação nunca esteve tão inseguro neste século. Fazendo um paralelo ao texto neotestamentário que inqueri: “para onde iremos nós? ” Hoje não há resposta e a educação subjaz no silêncio.
Isso faz-nos refletir sobre a forma que lidamos com processo educacional.
Por muito anos, a sociedade entendia que a educação formal, ou seja, o processo de formação cognitiva de aprendizado do indivíduo, se debruçava nas instituições de ensino, lançando sobre estas a responsabilidade da oferta no processo de escolarização.
Hoje percebeu-se que educação, pelo menos em solo brasileiro, quer formal ou informal não estava preparada para percorrer fortuita trilha.
Eventos como esse são pequenos presságios para prevenção. A história é testemunha que não houve uma só pandemia. Entre, reinos e governos, o globo passou e passa por fenômenos virais. Não é somente o tão famigerado Covid-19, apesar de estar em alta. Sim, não previmos, não nos preparamos e agora só seguimos. Para onde?
Infelizmente o conto se faz verdadeiro quando diz “qualquer caminho serve para quem não sabe para onde vai”.
Denis Batista de Souza é doutor em Ciências da Educação, especialista em Docência do Ensino superior – concentração formação docente e licenciado em filosofia plena e bacharel em teologia. Dentre outras designações na SEDUC SP, hoje é um dos Professores Coordenadores do Núcleo Pedagógico na DER – Guarulhos Sul. Ele é o autor do livro A odisseia do anônimo: fatos e histórias que não contaríamos a ninguém, pela kindle/Amazon.