Na última semana, o Copom surpreendeu o mercado – que esperava menos – e reduziu a Taxa Selic de 3,75% para 3% ao ano, o menor patamar da história da taxa básica de juros da economia. Nesta hora, você deve se perguntar: onde e como investir o meu dinheiro com a Selic a 3%?
Antes de qualquer opção, é fundamental ter em mente qual é o objetivo do seu investimento. Há tempos eu venho falando em meus artigos sobre a importância da diversificação e de respeitar seu perfil de investidor. Nem sempre a melhor rentabilidade é a mais adequada devido ao prazo.
Mas, antes de avançarmos, é importante contextualizar essa relação juros x inflação. Durante muitos anos o Brasil apresentou inflação alta e taxa de juros também muito alta. Para entender bem como isso tudo influencia na nossa carteira de investimentos, é preciso saber o que significa o chamado “ganho real”.
Essa é a definição para o rendimento líquido do meu investimento, ou seja: a taxa de juros que remunera minha aplicação descontada a inflação. Não basta acompanhar a rentabilidade da sua carteira, pois a inflação reflete a perda do poder de compra do seu dinheiro. Quanto maior a inflação, menos o seu dinheiro vale. De forma bem didática: quanto maior é a inflação, mais dinheiro você precisa para comprar um mesmo item.
Exemplificando com números, em janeiro de 2016, o CDI (benchmark para investimentos pós fixados que seguem a taxa de juros) teve um retorno de 1,06%, mas a inflação no mesmo período foi de 1,27%. Logo, o investidor teve ganho real negativo, ou seja, seu dinheiro não valorizou o suficiente, perto da perda do poder de compra. Mas a sensação é de ganho.
Por outro lado, em abril de 2020, temos um cenário oposto: o CDI foi de 0,28%, porém a inflação foi negativa (o que chamamos de deflação) em -0,31%. Nesse sentido o investidor teve um ganho real de 0,59%. No entanto, o investidor tem mais dificuldade de perceber ganho nesse cenário de juros e inflação baixos, pois o volume monetário não tem um crescimento expressivo.
Portanto, a Selic baixa nesse momento de baixa inflação não pode ser motivo para pânico, especialmente para o investidor conservador. Mas serve de alerta para ele ter mais cautela no momento de escolher as ativos que irão compor sua carteira de investimentos.
A poupança continua sendo uma das opções menos rentáveis e menos apropriadas para o investidor que necessita de muita liquidez (usar o dinheiro com maior frequência e a qualquer momento).
É bom ficar atento às taxas de administração de fundos de curto prazo e os de liquidez imediata. Alguns bancos possuem em sua carteira fundos dessas categorias com taxas de administração variando entre 2% e 4%. Evite tudo o que remunere menos de 100%CDI e ainda cobre imposto de renda.
E busque informações sobre títulos do tesouro e operações estruturadas. Alguns podem ser ótimas estratégias para proteger o capital e ainda buscar um ganho superior em sua carteira, desde que você tenha um prazo maior.
Sempre que ficar em dúvida em que ativo escolher para compor sua carteira, fale com um assessor de investimentos independente, fugindo assim do conflito de interesse, uma vez que eles não representam a bandeira de nenhuma instituição financeira. Certifique-se que esse especialista é realmente capacitado e autorizado pela CVM para te auxiliar. No meu Instagram (@dani_rolim) eu sempre lanço conteúdos que podem te auxiliar e orientar a traçar um plano financeiro. Dá uma conferida!