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ARTIGO – Tem empresa na UTI. E agora?

É possível retomar o quanto antes o crescimento (tímido, é verdade) que a economia vinha demonstrando até sermos todos impactados com a pandemia. Mas que isso só acontecerá com a união de forças: governo e setor produtivo

O medo diante dos potenciais resultados financeiros negativos que podem ser apurados pelas empresas após o período de isolamento social tem deixado pequenos, médios e grandes empresários no limite do estresse. Diariamente vemos relatos da apreensão que têm relação com as duas das principais obrigações fixas do empresariado: folha de pagamento e aluguel.

Nesta semana, a primeira após a série de posições contrárias e polêmicas em torno da possível reabertura do comércio e outros setores de atividade não essenciais, a data limite para o pagamento de salários – quinto dia útil – se aproxima. E a sensação, principalmente do pequeno e médio empresário, é a de que eles caminham lentamente em direção a uma sentença de morte.

No último artigo – “Salvamos o povo ou a economia? ” – mostramos que não temos uma resposta pronta para todos os medos. A única coisa clara, neste momento, é que não dá para dissociar uma coisa da outra. Se o isolamento é curto, sacrificamos a saúde pública? Se é longo demais, sacrificamos a economia? Não é uma discussão tão simplista assim.

Diante desse cenário temeroso, os ministérios da Saúde e da Economia estão trabalhando em conjunto. Isso é um conforto para o empresário. O governo está implementando medidas para dar fôlego e auxiliar as empresas a passar por esse momento tão difícil quanto inédito para todos.

O ministro Paulo Guedes anunciou, no último sábado, 28/03, que as medidas para financiar folhas de pagamento serão implementadas via Medida Provisória (MP). Ele acredita que o crédito deverá estar disponível nos bancos de relacionamento das empresas em poucos dias. Essas linhas de crédito permitirão às empresas financiar até dois meses da folha de pagamento, mas o governo ressalta a todo momento que as medidas só beneficiarão empresas que não demitirem funcionários durante essa crise. O crédito deve ter custo médio de 3,75% ao ano.

Além desse auxílio, o governo está tentando implementar operações de crédito diretamente via Banco Central, uma operação que está mais próxima de acontecer, através de maquininhas de cartão.

O recado mais importante que o governo tenta passar à população é que é possível retomar o quanto antes o crescimento (tímido, é verdade) que a economia vinha demonstrando até sermos todos impactados com a pandemia. Mas que isso só acontecerá com a união de forças: governo e setor produtivo.

O Estado de Calamidade permitiu ao governo aumentar suas despesas e o ministro acredita que todo o incentivo dado ao empresariado custará de 4 a 5 vezes o PIB. Mas que se a força empresarial continuar, em conjunto com a força governamental, em um ano, após o fim desse momento mais agressivo, começaremos a reverter a situação. Parte do dinheiro utilizado para salvar a economia viria de privatizações, algo que já fazia parte das pautas do governo.

Entendo que a maior dificuldade dos poderes públicos com todas as medidas que estão em implementação é fazer com que o dinheiro chegue até o público final, uma vez que o governo precisará da agilidade de órgãos como INSS, BNDES e Caixa Econômica Federal. De todos os desafios, esse é um dos maiores.

Sabemos que esse é um dos piores momentos que a população já passou. Precisamos ser a favor da vida e nos mantermos criativos, reinventando a cada dia nosso negócio e atentos a todo socorro que o governo está disposto a oferecer.

Sobre os aluguéis ainda não foi informado nenhuma medida, mas cabe ao empresário buscar o proprietário para, juntos, chegarem a uma solução. É chegado o momento em que todos precisam se mobilizar e ter união. Ninguém vai superar essa fase sozinho.

Desejo a todos muita força e sabedoria para passar por esse momento.

Daniella Rolim, CFP®, é graduada em Administração de Empresas, pós-graduada em Banking e tem MBA em Gestão de Negócios e Finanças. Educadora financeira formada pela DSOP, é planejadora financeira com certificação internacional CFP e diretora comercial da Flap Capital

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