Em 2011, a ArtRio surgiu com a ambição de se tornar uma das cinco mais importantes feiras de arte do mundo, do nível das gigantes Art Basel, na Suíça, e a londrina Frieze. Três edições depois, ainda pavimenta esse caminho, mas já conseguiu o feito de atrair – e fidelizar – grandes colecionadores e galerias como a Gagosian, a maior do mundo, a Pace e a David Zwirner, as três de Nova York, e a White Cube e a Victoria Miro, de Londres, movimentando mais de R$ 100 milhões a cada ano.
O sucesso da iniciativa dos sócios Brenda Valansi, Elisangela Valadares e Luiz Calainho se mede também pelo surgimento de eventos paralelos. Em sua terceira edição, a ARTIGO Rio, focada em obras mais baratas, acessíveis à “nova classe média”, é um deles – 40% das obras à venda têm preços entre R$ 500 e R$ 5 mil. Trinta e cinco galerias estão participando. Pela primeira vez, a feira será no mesmo Pier Mauá da ArtRio, no armazém de número 6.
“Não há concorrência entre as duas porque nosso foco é outro: não é alto comprador e, sim, a nova classe média, que sabe que a obra de arte vale mais do que o objeto de decoração, além da velha classe média. E tem também o colecionador que quer o artista novo, a promessa”, explica Alexandre Murucci, idealizador do evento, que espera atrair 20 mil pessoas. “Somos um sinal de amadurecimento do mercado. Nas grandes feiras do mundo, existem até 20 eventos paralelos.”
As duas feiras mesclam galerias brasileiras a estrangeiras, e vêm crescendo. Hoje ocupando os armazéns 1, 2, 3, 4 e 5 do cais do porto (são mais de 20 mil metros quadrados de área), a ArtRio começou com 83 galerias e público de 45 mil pessoas; hoje tem 110 galerias, de 13 países, e recebe cerca de 50 mil pessoas. Os organizadores não querem inflar esses números – depois de um primeiro ano de boom, a feira chegou a 2012 com 120 galerias e 74 mil pagantes, o que foi considerado exagerado. A peneira curatorial foi fina: mais de 450 galerias se inscreveram para vir.
“A gente chegou ao formato que quer seguir. Hoje o público é muito mais preparado. No primeiro ano, as pessoas não sabiam direito o que era uma feira, achavam que era uma exposição”, acredita Brenda, para quem está provado que era descabida a dúvida quanto à capacidade de o mercado brasileiro acomodar uma segunda feira, sendo a primeira a SP-Arte (que existe desde 2005 e é realizada em abril).
“O Rio tem um apelo turístico, as pessoas vêm. E a cultura está no DNA das pessoas. Por outro lado, nós nunca quisemos fazer uma feira no Rio para o Rio e, sim, uma feira internacional no Rio. Buscamos o equilíbrio entre o brasileiro que compra arte estrangeira e o estrangeiro que compra arte brasileira”, diz.
Entre os nomes nacionais, será possível encontrar de clássicos, como Cícero Dias e Maria Leontina, a novidades dos contemporâneos Vik Muniz, Nuno Ramos e Daniel Senise. Entre os estrangeiros, assinaturas estelares, de Monet e Picasso a Damien Hirst e Yayoi Kusama – todos com obras vendidas por milhões de dólares.
Os negócios mais vultosos devem ser fechados já nesta quarta-feira, 10, quando os grandes colecionadores, aqueles que frequentam o circuito de feiras internacionais, terão acesso privilegiado aos galpões. De carros executivos exclusivos, eles chegarão às 11 h, duas horas antes da abertura oficial, e terão curadores especializados para fazer visitas guiadas. Outros mimos à disposição são brunches oferecidos pelas galerias junto com os artistas, visitas a ateliês, a casas de colecionadores e a museus, em horários fechados só para eles.
Este ano, a arte de rua ganhou em status: a ArtRua será aberta amanhã no Centro Cultural Ação da Cidadania, perto do porto, e terá trabalhos inéditos de artistas reconhecidos, como o baiano Toz. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.