Em vez de água benta, é com confete e purpurina que se batiza um bloco. E muito uso e abuso das piadas internas. É o caso do João Capota na Alves, bloco que foi às ruas pela primeira vez no carnaval de 2008. “Quando o fundamos, éramos moradores de três repúblicas estudantis, uma na João Moura, uma na Capote Valente, outra na Alves Guimarães”, conta uma das responsáveis, Marina Moretti. Da junção de parte dos nomes dos logradouros – com o fortuito fato de um desses nomes poder ser facilmente convertido em verbo que alude a uma consequência fácil do comportamento exagerado da folia – veio o batismo.
Criação da Cia de Arte KNU, o Pitbull Banguela, que vai às ruas da Vila Romana, também tem origem bastante peculiar. “Surgiu de uma brincadeira da minha mulher. Ela chegou em casa com uma máscara de pitbull para me dar um susto”, relata o fundador Henrique Katita. “Notei que ele só tinha dentes inferiores. Logo pensei: isso dá samba, isso dá bloco.”
O Domingo Ela Não Vai surgiu de uma percepção de Rodrigoh Bueno, um dos fundadores. Ele conversava com seu sócio sobre duas impressões: 1) o domingo de carnaval em São Paulo era, inexplicavelmente, o dia mais fraco da folia; e 2) faltava axé no ziriguidum. “E aí eu ficava pensando: a gente gastou tanto tempo nos anos 1990 decorando coreografias de grupos como É O Tchan! e agora isso não serve para nada? Vamos fazer um bloco para pelo menos brincar com isso”, conta.
Tarado Ni Você também dialoga com o cancioneiro – no caso, é título de música de Caetano Veloso. E o bloco só toca Caetano. Mas por que escolher justamente esta música? “Porque a gente acredita na subversão. E este nome traduz a subversão.”
Sem reconhecimento
Nem sempre os nascimentos são fáceis e tranquilos. Nem sempre as paternidades são reconhecidas. E o Bastardo veio assim, sem o nome do pai no RG, sem as bênçãos de sua ascendência ao lado da pia batismal. “Somos uma dissidência do bloco Vai Quem Qué. Como nos sentíamos renegados, viramos o Bloco Bastardo, aquele que não herda”, resume Pedro Gonçalves.
Já a Espetacular Charanga do França é do França, sim. No caso, Thiago França, o fundador. E o Vem Ni Mim Que Eu Tô com Tudo começou como uma brincadeira entre os funcionários de uma agência de eventos e marketing. “Aí resolvemos nos inscrever e, desde 2013, viramos um bloco de verdade”, conta o fundador Cleber Paradela.