Ainda faltam oito meses para os Jogos Olímpicos do Rio, mas muitos atletas brasileiros já estão ansiosos para entrar na disputa. É o caso dos judocas da seleção brasileira, que carregam a responsabilidade de fazer bonito em 2016, em razão do bom histórico de medalhas nas Olimpíadas anteriores. A modalidade é uma das apostas do Comitê Olímpico do Brasil (COB) para alcançar a meta de fechar o Rio-2016 entre os dez primeiros colocados no quadro de medalhas.
“Existe uma expectativa grande porque vamos para os Jogos Olímpicos em casa. E estamos numa modalidade que mais traz resultados para o Brasil em Olimpíada”, reconhece Luciano Corrêa, que ainda busca sua vaga olímpica na categoria até 100kg. “Está batendo a ansiedade, sim. Todo mundo está muito ansioso pelo dia da estreia, para acertar em tudo, principalmente por competir em casa”, reforça Tiago Camilo, outro experiente judoca da seleção.
A preocupação com a ansiedade aumentou em 2014, quando a torcida brasileira viu a seleção de futebol praticamente sucumbir diante da responsabilidade de ser campeã mundial em casa. Ficaram famosas as imagens do zagueiro Thiago Silva, então capitão do time, em lágrimas diante do medo de errar seu pênalti nas cobranças decisivas das oitavas de final, contra o Chile – o Brasil venceu os chilenos, mas o defensor não participou das penalidades.
A fragilidade emocional da seleção brasileira culminara no trágico 7 a 1, na semifinal. Diante da superioridade inesperada dos alemães, a equipe sofreu um “apagão” em campo e foi presa fácil para os rivais em uma partida que já entrou para a história do futebol mundial.
Para evitar que isso se repita na Olimpíada, confederações e comissões técnicas vêm contando nos últimos anos com o auxílio de psicólogos. “Todo mundo está tendo um cuidado quanto à ansiedade. Os atletas têm a consciência de que precisam ser preparar psicologicamente, que precisam se programar para cada competição, para absorver essa pressão que já está acontecendo”, diz Tiago Camilo, com classificação praticamente assegurada para defender o Brasil na categoria até 90kg.
“Na teoria, é uma coisa. Só que quando chega a competição, cada um reage de uma forma. Uns travam, outros não. É muito pessoal. O atleta que tiver maturidade para absorver toda essa pressão e transformar tudo isso em algo positivo vai ter bom resultado”, prevê o judoca de 33 anos, campeão mundial em 2007, justamente no Rio, diante da torcida brasileira.
Um dos atletas mais jovens da seleção de judô, Charles Chibana diz já colher os frutos da ajuda psicológica na equipe brasileira. “Tem me ajudado muito nessa parte de ansiedade. Antes eu achava que psicólogo era só para quem precisava, mas no final a gente percebe que realmente precisa. A ansiedade é um fator que prejudica bastante”, diz o judoca de 26 anos. “Estamos trabalhando essa parte psicológica para blindar um pouco a pressão. Vai ser a minha primeira Olimpíada. Então é inevitável ficar ansioso”.
Mayra Aguiar, uma das apostas do time feminino, também se preocupa com a ansiedade. E revela como faz para evitar que isso atrapalhe seu rendimento no tatame. “Estou focando somente em mim, sem pensar tanto nas adversárias. Não vou estar pensando em chave, em colocação. Quero chegar na Olimpíada com o corpo em excelente forma, com a técnica fechada, e com a cabeça fortalecida.”
Para Luciano Corrêa, se depender da parte mental, o Brasil não fará feio no Rio de Janeiro. “Está todo mundo bem amparado para chegar lá e tirar da mente qualquer tipo de coisa que possa estar atrapalhando no tatame”, garante o judoca de 33 anos, acostumado a disputar grandes competições internacionais.
O judô é uma das apostas do COB para colocar o Brasil no Top 10 do quadro de medalhas em razão do bom desempenho nas Olimpíadas. Trata-se da modalidade que mais pódios conquistou para o País, com 19 medalhas ao longo da história da competição. Em 2016, as chances de brilhar são ainda maiores porque o Brasil terá representante nas 14 categorias em disputa (sete no masculino e sete no feminino).