Plantas flexíveis e diferentes tipologias no mesmo prédio, com destaque para fachadas de desenho único, assinado por arquitetos de renome. Esta é a receita do presidente da incorporadora IdeaZarvos, Otavio Zarvos, que defende a boa arquitetura como base do seu negócio.
“Fazemos um produto economicamente viável que seja bom para agradar o investidor, o morador e a cidade”, declara. “Esse é o nosso tripé.” Segundo ele, o instrumento fundamental é um bom projeto. Questões básicas são a ventilação cruzada, a iluminação natural e a estética do prédio, que vai ser atemporal.
“O prédio será bonito por décadas ou centenas de anos”, afirma, ao garantir que a qualidade do material usado na fachada vai envelhecer bem. O principal, na sua opinião, é se apoiar num bom projeto de arquitetura. “Esse é o maior diferencial.”
Ele também cita outros pontos como a dimensão dos quartos e do espaço para armários, para “evitar fazer algo pequeno demais que a pessoa só descobre quando mudar para lá”.
Fundada há 10 anos, a empresa trabalha com plantas flexíveis e tipologias diferentes.
“Sempre tivemos unidades com mix de tamanhos no mesmo prédio”, conta. “Nosso comprador potencial tem como característica o nível cultural, não é o dinheiro.” Por isso, segundo ele, o mesmo prédio vai atrair o mesmo nível cultural.
No início, era totalmente flexível, com planta personalizada para cada comprador. “Restringimos, porque gera atraso das obras e aumento de custos”, explica, ao comentar que agora trabalha com o limite de três plantas diferentes.
Variedade
“O grande estilo do momento é não ter um estilo”, diz o presidente da Associação Brasileiras dos Escritórios de Arquitetura (Asbea), Eduardo Sampaio Nardelli, ao falar sobre tendências arquitetônicas. “É preciso ter a variedade.”
Questionado sobre o desenho atual das fachadas, Nardelli, afirma que, antes, o desejo máximo era ser espelho umas da outras. “A homogeneidade que se vê na cidade é até irritante”, critica. “Hoje, não se quer mais isso e se trabalha com variedade.”
Para ele, existe uma produção de muito boa qualidade, embora não corresponda à média, que é mais baixa.
Uma tendência que surge é ter fachadas diferenciadas, afirma o presidente da associação, enumerando opções. Além das ventiladas, há enorme variedade com acabamento cerâmico.
“Tem até fachada autolimpante”, diz, apontando o avanço da tecnologia que permite isso quando chove.
O papel da arquitetura é fundamental. Nem sempre prevalece os melhores conceitos. “Não por culpa dos arquitetos, mas por culpa da voracidade do mercado, que busca referências não necessariamente na arquitetura”, diz. “O consumidor é fator determinante, mas quem interpreta, muitas vezes, os desejos do consumidor não é o arquiteto, mas o seu contratante.”
Pontos cardeais
Nardelli dá um exemplo, comparando dois tipos de localização. Se fizer um edifício voltado para o lado oeste, a fachada vai receber sol direto. Ela não pode ter os mesmos desenho e materiais da concepção de uma fachada virada para o sul, que não bate sol.
“Se puser vidro virado para o oeste, então, o edifício está condenado a um consumo de energia brutal para conseguir equilibrar o conforto térmico no seu interior”, explica.
São questões importantes que devem ser consideradas no projeto, amarrando sustentabilidade com o consumo de energia, por exemplo. Ele diz que as fachadas passaram a ser pensadas, com mais recursos, novos materiais e possibilidades de simulação de desempenho. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.