Estadão

Associação de Analistas do BC considera desrespeitosa proposta do governo a servidores

A Associação Nacional de Analistas do Banco Central considerou "desrespeitosa" a proposta de reestruturação de carreira dos servidores do BC, apresentada nesta quinta-feira, 8, pelo Ministério da Gestão e Inovação (MGI). "O plano trazido pelo Governo se demonstrou absolutamente inaceitável e desrespeitoso com um processo real de negociação, que se iniciou em 25 de setembro de 2023", afirma a entidade em nota divulgada quinta-feira.

Conforme o <i>Broadcast</i> (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado) antecipou, a terceira rodada de negociações decepcionou os servidores, que afirmam que a proposta não atende a nenhuma das demandas da categoria. De acordo com a associação, a proposta, "de forma acintosa, foi inferior ao estudo preliminar apresentado em reunião anterior com o MGI".

A avaliação da entidade é que a proposta do ministério demonstra claramente que, em todo o tempo de negociação, "o governo não destinou esforços a conhecer as demandas dos servidores do Banco, repetindo conceitos, justificativas e avaliações que sequer estão corretas tecnicamente".

A associação lembra que outras carreiras receberam propostas e firmaram acordos que aumentam as "assimetrias" entre as carreiras. "Logicamente, o plano do MGI também não endereça minimamente as importantes assimetrias internas existentes entre as carreiras do próprio Banco Central."

Na nota, a entidade representativa dos servidores diz que a reunião foi encerrada em 20 minutos, diante do que foi apresentado.

"O impacto dessa situação no Banco Central é inequívoco. Ações estratégicas têm sido suspensas, projetos relevantes, como o Pix Automático, vêm sofrendo significativos atrasos que somam quase dois anos. Além disso, diversas publicações relevantes para a economia brasileira têm seus prazos dilatados. O clima interno é de completa insatisfação, o tema de valorização domina a agenda e os impactos são incalculáveis. O Banco Central está enfrentando a pior crise institucional da sua história", diz a nota.

A entidade destaca que há uma crescente evasão de servidores especialistas, inclusive chefes de unidades, em um movimento batizado de Drexit, conforme já relatou o <i>Broadcast</i>. "Estamos chegando em velocidade alarmante a um ponto de não-retorno. Sem uma proposta que reverta essa situação de crise, o BC, que está em grave risco hoje, pode colapsar. E isso nos deixa com uma reflexão: a quem interessa um Banco Central sucateado e enfraquecido?"

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