A ata do Comitê de Política Monetária (Copom), que elevou a Selic para 13,25% ao ano, jogou apenas para o final do ano que vem, e não mais “ao longo do ano”, como estava no documento anterior, a convergência da inflação para a meta de 4,5% estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).
No parágrafo 30, os diretores voltaram a dizer que a demanda agregada tende a se apresentar moderada no horizonte relevante para a política monetária. Eles, no entanto, suprimiram do documento a expressão “crescimento” usada na ata anterior para fazer a avaliação sobre renda e crédito. E agora também acrescentaram o emprego como mais um fator – ao lado dos outros dois – de estabilização do consumo das famílias.
De outro lado, conforme o colegiado, o financiamento imobiliário, a concessão de serviços públicos e a ampliação da renda agrícola, entre outros, tendem a favorecer os investimentos. Ao contrário da ata de março, o BC não mencionou mais as “condições financeiras relativamente favoráveis” que haviam sido ligadas a esses motores de investimento. Os diretores voltaram a dizer que as exportações devem ser beneficiadas pelo cenário de maior crescimento de importantes parceiros comerciais e pela depreciação do real.
“Para o Comitê, os efeitos conjugados desses elementos, os desenvolvimentos no âmbito parafiscal e no mercado de ativos e, neste ano, a dinâmica de recomposição de preços administrados, são fatores importantes do contexto no qual decisões futuras de política monetária serão tomadas, com vistas a assegurar a convergência da inflação para a meta de 4,5% estabelecida pelo CMN, ao final de 2016”, diz o fim do parágrafo.
Ambiente Externo
A ata do Copom manteve inalterados os parágrafos 21 e 22, que tratam do cenário internacional. O colegiado considerou que, desde sua última reunião, permaneceram elevados os riscos para a estabilidade financeira global, a exemplo dos derivados de mudanças na inclinação da curva de juros em importantes economias maduras.
“Apesar de identificar baixa probabilidade de ocorrência de eventos extremos nos mercados financeiros internacionais, o Comitê pondera que o ambiente externo permanece complexo”, escreveram os diretores do BC no documento. Segundo eles, prevalece a tendência de uma atividade global mais intensa ao longo do horizonte relevante para a política monetária.
O Copom continua a apostar que haverá recuperação da atividade em algumas economias maduras e intensificação do ritmo de crescimento em outras, ainda que siga limitado o espaço para a política monetária e prevaleça um cenário de restrição fiscal. “Importantes economias emergentes experimentam período de transição e, por conseguinte, de moderação no ritmo de atividade, em que pese a resiliência da demanda doméstica”, trouxe o parágrafo 21.
No trecho seguinte, o Copom destacou evidências de focos de volatilidade nos mercados de moedas e moderação na dinâmica dos preços de commodities. Especificamente sobre o petróleo, o comitê voltou a alertar que, independentemente do comportamento dos preços domésticos da gasolina, a evolução dos preços internacionais tende a se transmitir à economia doméstica. Isso ocorrerá, de acordo com o BC, tanto por meio de cadeias produtivas, como a petroquímica, quanto por intermédio das expectativas de inflação.