A ata do último encontro do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, divulgada na manhã desta terça-feira, 13,, indicou que a projeção para o IPCA de 2023 está em 5,0% no cenário de referência. Para 2024, a projeção para o IPCA está em 3,0%.
Para 2022, a estimativa de IPCA do BC é de 6,0%. Todas as projeções já constavam no comunicado da semana passada, quando o Copom manteve a Selic (a taxa básica de juros) em 13,75% ao ano pela terceira vez seguida. "O Comitê julga que a incerteza em torno das suas premissas e projeções atualmente é maior do que o usual", repetiu o BC na ata.
As projeções do BC para o IPCA de 2022 e de 2023 estão acima do limite de tolerância da meta, de 5,0% e 4,75%, nessa ordem, indicando três anos consecutivos de descumprimento pelo BC de seu mandato principal. Para 2024, a projeção do BC coincide com o centro da meta de 3,0%. No comunicado e na ata, a autoridade monetária indica que a estratégia é a convergência da inflação para ao "redor da meta ao longo do horizonte relevante".
Atualmente, o horizonte relevante do Copom inclui os anos de 2023 e de 2024, mas o BC optou por dar ênfase ao segundo trimestre de 2024 (seis trimestres à frente), cuja projeção é de 3,3% em 12 meses, para eliminar ruídos relacionados às desonerações tributárias adotadas este ano.
"O Comitê optou novamente por dar ênfase ao horizonte de seis trimestres à frente, que reflete o horizonte relevante, suaviza os efeitos diretos decorrentes das mudanças tributárias, mas incorpora os seus impactos secundários."
O cenário de referência pressupõe a taxa de juros variando de acordo com a pesquisa Focus e o câmbio partindo de R$ 5,25 e evoluindo conforme a Paridade do Poder de Compra (PPC). Além disso, a premissa é de que o barril de petróleo segue aproximadamente a curva futura de mercado pelos próximos seis meses e sobe a 2% ao ano na sequência.
No documento, o BC repetiu que "se manterá vigilante, avaliando se a estratégia de manutenção da taxa básica de juros por período suficientemente prolongado será capaz de assegurar a convergência da inflação". Também voltou a alertar que "não hesitará" em retomar o ciclo de alta, caso a desinflação não ocorra como esperado.
<b>Ata anterior</b>
Na ata da reunião anterior, em outubro, as projeções de inflação no cenário que considerava juros do Focus e câmbio PPC eram de 5,8% para 2022, 4,8% para 2023 e 2,9% para 2024.
<b>Expectativas para 2024</b>
O Comitê de Política Monetária manifestou preocupação, na ata de seu encontro de dezembro, com o aumento das expectativas de inflação para 2024, ano já considerado em sua estratégia para voltar à meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Logo na sequência, o BC citou que discutiu as consequências da incerteza em relação à dinâmica fiscal futura sobre a inflação, algo que o mercado tem alertado diante da expectativa de aumento forte de gastos em 2023. "Julgou-se que a conjuntura incerta requer serenidade na avaliação desses riscos", disse o Copom na ata.
Na ata, o BC citou que a mediana do mercado para a inflação oficial em 2024, observada no Boletim Focus, continuou estável do encontro de outubro para dezembro, em 3,50%. Mas mostrou preocupação com o aumento da média, que, no último mês, passou de 3,53% para 3,66%, contra o centro da meta de 3,00% – que é a projeção oficial do BC.
"Comparado com a reunião anterior, a mediana das expectativas de inflação da Pesquisa Focus teve leve aumento para 2023 e se manteve estável para 2024. No que diz respeito a 2024, entretanto, o Comitê notou com preocupação uma elevação na média das expectativas."
Em relação às próprias projeções, o BC destacou que houve um "leve aumento" no horizonte relevante em função da elevação da projeção de inflação de preços livres em prazos mais curtos e de uma revisão da projeção de inflação de preços administrados em prazos mais longos. Para 2023, a projeção do BC para a inflação oficial passou de 4,8% para 5,0% de outubro para dezembro, acima do teto da meta de 4,75%. Já para 2024 foi de 2,9% para 3,0%.
<b>Desinflação de serviços</b>
O Copom destacou, na ata, que a inflação de serviços mostrou moderação recentemente, mas ponderou que segue em níveis elevados. "O Comitê avalia que o processo de desinflação de tal componente ficará mais claro ao longo do tempo", afirmou no documento.