Um adolescente de 13 anos esfaqueou pelo menos quatro professores e um aluno na manhã desta segunda-feira, 27, dentro da Escola Estadual Thomazia Montoro, na Vila Sônia, na zona oeste da capital paulista, segundo o governo de São Paulo. Por volta das 10h30, foi confirmada a morte de uma professora identificada como Elisabeth Tenreiro, de 71 anos. Um segundo estudante foi atendido em estado de choque.
A professora havia sido encaminhada em estado grave para o Hospital Universitário da USP. As outras quatro vítimas receberam atendimento (nos Hospitais das Clínicas, Bandeirantes e São Luiz) e estão estáveis. O aluno em estado de choque está sendo acompanhado.
"O governo de São Paulo lamenta profundamente e se solidariza com as famílias dos professores e alunos que foram vítimas de ataque à faca de um adolescente do 8º ano na Escola Estadual Thomázia Montoro. A situação causa consternação a todos e a prioridade neste momento é prestar socorro às vítimas e apoio aos familiares", acrescentou em nota.
O agressor que é do 8º ano do ensino fundamental, foi apreendido, mas não há informações sobre a identidade dele. A Polícia Militar foi acionada para prestar atendimento no local. A Polícia Civil está investigando os fatos. Os secretários de Estado da Educação, Renato Feder, e da Segurança, Guilherme Derrite, estão na escola para acompanhar a situação.
Sem saída, a rua da escola segue interditada por PMs. A maior parte dos alunos e os pais que foram buscá-los já se retiraram do local. Na interior do colégio, policiais civis seguem ouvindo professores e funcionários do colégio. O caso foi registrado no 34º Distrito Policial.
Mãe de uma professora que trabalha na escola, Silvia Palmieri foi às pressas para o local assim que soube do ocorrido. "Ela não foi ferida, graças a Deus, mas está bem abalada", disse ao sair. Os professores que não foram machucados, contou, estão prestando depoimentos para a polícia. "Eu não consegui falar nada, só abracei minha filha."
A dona de casa Lila Felix, de 47 anos, estava caminhando após levar a neta em uma creche na região quando ouviu os gritos vindo da escola. Assustada, correu para a porta. "Fiquei super preocupada, são pessoas que vejo no bairro frequentemente", disse. "Até arrepio de pensar se fosse na creche da minha neta."
Nas redes sociais, o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) lamentou o episódio. "Não tenho palavras para expressar minha tristeza com a notícia do ataque", disse ele, que afirmou ainda concentrar esforços para dar atendimento às vítimas e às famílias.
Também por meio das redes, o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), lamentou a tragédia. "As forças de segurança pública e de saúde agiram imediatamente, e continuaremos oferecendo todo o suporte necessário às vítimas e suas famílias", disse ele.
<b>Relembre outros ataques em escolas no Brasil</b>
<b>Ipaussu (SP), 2022
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Em 14 de dezembro, um ex-estudante de 22 anos invadiu uma escola estadual e feriu com golpes de faca duas professoras em Ipaussu, no interior de São Paulo. O agressor fez outro professor refém, colocou a faca em seu pescoço e resistiu à abordagem da polícia, mas acabou se entregando.
<b>Aracruz (ES), 2022</b>
Em 25 de novembro, um adolescente de 16 anos deixou quatro pessoas mortas – três professoras e uma aluna de 12 anos – após invadir duas escolas em Aracruz, no norte do Espírito Santo. No momento do crime, o adolescente ostentava uma suástica (símbolo nazista) em um dos braços, além de roupa tática e duas armas (uma pistola .40 e um revólver 38 pertencentes ao pai policial). Ele foi apreendido e cumprirá até três anos de internação em unidade socioeducativa.
<b>Sobral (CE), 2022</b>
Um estudante de 15 anos morreu e dois ficaram feridos após um adolescente, também de 15 anos, disparar contra os três colegas na Escola Professora Carmosina Ferreira Gomes, em Sobral, no dia 8 de outubro. Ele estava com uma arma de fogo registrada no nome de um CAC (colecionador, atirador desportivo e caçador) e foi apreendido.
<b>Morro do Chapéu (BA), 2022</b>
No dia 27 de setembro, um adolescente de 13 anos ateou fogo na Escola Municipal Yeda Barradas Carneiro, em Morro de Chapéu, na Chapada Diamantina, onde estudava, e feriu a coordenadora com o uso de uma faca.
<b>Barreiras (BA), 2022</b>
No dia 26 de setembro, um adolescente de 14 anos usou a arma do pai, um policial militar, e matou uma aluna cadeirante no Colégio Municipal Eurides SantAnna, em Barreiras, no oeste do Estado. Dois policiais que estavam nas proximidades da escola o detiveram com tiros. A vítima foi Geane da Silva Brito, de 19 anos, portadora de paralisia cerebral, que via na escola uma ferramenta para inclusão e um local onde se sentia segura e acolhida pela comunidade escolar.
<b>Saudades (SC), 2021</b>
O ataque em Saudades, no oeste de Santa Catarina, deixou cinco pessoas mortas na manhã de 4 de maio de 2021, quando um rapaz de 18 anos invadiu um creche do município com um facão de 68 centímetros. Ele matou duas funcionárias da unidade e três bebês menores de 2 anos.
<b>Suzano (SP), 2019</b>
Um ataque na Escola Estadual Raul Brasil, em Suzano, na Grande São Paulo, deixou dez mortos, incluindo os dois atiradores, e 11 feridos. Os autores do massacre, Luiz Henrique de Castro, de 25 anos, e G.T.M., de 17, eram ex-alunos da instituição. Um dos atiradores acabou matando o comparsa e depois cometeu suicídio.
<b>Medianeira (PR), 2018</b>
Um estudante de 15 anos do ensino médio pegou uma arma e atirou nos colegas em uma escola estadual da pacata cidade de Medianeira, a 60 quilômetros de Foz do Iguaçu, no oeste do Paraná. Tinha uma lista para livrar os amigos – no fim, dois acabaram baleados. O atentado aconteceu no Colégio Estadual João Manoel Mondrone. Segundo a polícia, o autor do ataque seria alvo de bullying na escola.
<b>Goiânia (GO), 2017</b>
Um adolescente de 14 anos matou a tiros dois colegas e feriu outros quatro em uma sala de aula do Colégio Goyases, em Goiânia, em 20 de outubro de 2017. Filho de policiais militares, ele usou a arma da mãe, que havia levado à escola particular escondida na mochila. Segundo a Polícia Civil, o rapaz sofria bullying e o crime foi premeditado.
<b>João Pessoa (PB), 2012</b>
Dois jovens chegaram à Escola Estadual Enéas Carvalho, em Santa Rita (Região Metropolitana de João Pessoa), em uma moto e invadiram o pátio. Eles usavam uniforme da escola. Um deles atirou contra um adolescente de 15 anos. O atirador disparou outras cinco vezes, atingindo duas garotas. Uma delas, de 17 anos, foi baleada no braço direito. A outra, levou um tiro no pé esquerdo. De acordo com a polícia, o motivo do crime teria sido ciúme.
<b>Realengo (RJ), 2011</b>
Considerado à época como o maior massacre em escolas brasileiras até então, a tragédia em Realengo, zona oeste do Rio de Janeiro, deixou 12 crianças mortas. O crime foi cometido por um ex-aluno de 23 anos que levou dois revólveres à Escola Municipal Tasso da Silveira e disparou contra os alunos, todos de 13 a 15 anos. Depois de invadir duas salas de aula, ele foi atingido na barriga pela polícia e disparou um tiro na própria cabeça.
<b>São Caetano do Sul (SP), 2011</b>
Um estudante de apenas 10 anos atirou na professora e se matou em seguida na Escola Municipal Alcina Dantas Feijão, em São Caetano do Sul, no ABC paulista. Ele usou uma arma do pai, um guarda civil municipal. De acordo com colegas e funcionários da escola ouvidos na época, o menino era muito estudioso, inteligente e calmo.
<b>Taiúva (SP), 2003</b>
Em 27 de janeiro, um estudante de 18 anos disparou 15 tiros contra cerca de 50 estudantes no pátio da Escola Estadual Coronel Benedito Ortiz, em Taiúva, interior do Estado. Ele usou a última bala do revólver calibre 38 para atirar na própria cabeça e morreu. O episódio não deixou vítimas fatais além do rapaz.
<b>Salvador (BA), 2002</b>
Um estudante de 17 anos matou uma colega e feriu outra a tiros no Colégio Sigma, no Bairro de Piatã. O rapaz teria pegado um revólver calibre 38 do pai e escondido a arma na mochila. Os disparos foram feitos depois que a professora pediu para ele fazer um exercício.