A Arábia Saudita bombardeou redutos dos rebeldes xiitas além de instalações importantes no norte do Iêmen nesta sexta-feira, segundo dia dos ataques aéreos da coalizão liderada pelo reino do Golfo Pérsico. Foram atingidas pelo menos seis províncias, dentre elas uma área rica em petróleo e gás, no leste do país.
A ação militar está transformando o pobre e caótico Iêmen numa nova frente de rivalidade entre a sunita Arábia Saudita e o xiita Irã que, acredita-se, apoia os rebeldes, conhecidos como houthis. Nos últimos meses, os houthis deixaram seu reduto no norte do país e tomaram Sanaa e outras partes do Iêmen.
O presidente iemenita Abed-Rabbo Mansour Hadi, apoiado pelos Estados Unidos, fugiu do país no início da semana.
Fortes bombardeios atingiram Saada na manhã desta sexta-feira, um reduto dos rebeldes, com foco em locais onde o líder houthi Abdul-Malik al-Houthi pudesse estar, informaram oficiais militares. O túmulo do irmão do líder, Hussein al-Houthi, fundador do grupo rebelde, foi destruído durante os ataques.
Aviões sauditas também bombardearam o campo militar de al-Sana, na região de Arhab, a nordeste de Sanaa, dirigido por comandantes leais ao ex-presidente Ali Abdullah Saleh, um autocrata que governou o Iêmen por mais de 30 anos até ser derrubado após o levante da Primavera Árabe. Saleh conta com a lealdade de algumas das mais fortes unidades militares do país, que agora lutam com os houthis.
Oficiais militares disseram que outros ataques tiveram como alvo campos militares nas proximidades de Sanaa nas províncias de
Al-Dhale e Lahj, dentre elas a base de Al-Annad, de onde cerca de 100 conselheiros militares norte-americanos foram forçados a sair na semana passada em razão das condições de segurança.
Os oficiais militares falaram em condição de anonimato, porque não têm autorização para falar com repórteres.
Na capital Sanaa, vários ataques aconteceram durante a noite, respondidos com disparos de armamento antiaéreo. Pelo menos 18 civis, dentre eles 6 crianças, foram mortos, mas o número deve aumentar.
A Arábia Saudita e outros aliados sunitas do Golfo Pérsico e do Oriente Médio veem a tomada houthi do Iêmen como uma tentativa do Irã de estabelecer um representante na fronteira sul do reino. O Irã e os houthis negam que Teerã arme o movimento rebelde, embora diga que fornece apoio diplomático e humanitário.
O Irã criticou a campanha aérea saudita, afirmando que considera “esta ação um passo perigoso”.
O ministro de Relações Exteriores do Irã, Mohammed Javad Zarif, disse em comunicado divulgado nesta sexta-feira que Teerã está “pronta para cooperar com seus irmãos na região, para facilitar o diálogo entre grupos diferentes no Iêmen com o objetivo de proteger a integridade e facilitar a restauração da estabilidade da segurança no país.”
A declaração foi feita depois de o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, ter dito em entrevista que seu país pode dar apoio logístico à operação militar saudita. Fonte: Associated Press.