Conforme reportagem publicada nesta terça-feira pelo Guarulhos Hoje, o atendimento prestado por diferentes planos de saúde privados no município deixam a população que paga – e caro – pelos serviços, nas mais diversas oportunidades, insatisfeita. O fato confirma grandes contradições que confirmam a falência do Estado na prestação de serviços básicos à população.
Os planos de saúde privados surgiram como uma forma de complementar o atendimento público. Seria uma forma de garantir às pessoas, que tivessem uma condição financeira um pouco melhor, um atendimento diferenciado, longe das intermináveis filas dos serviços médicos prestados pelos governos. Por muito tempo, criou-se o mito de que havia ali um atendimento particular, com um nível de conforto superior, seja na marcação de consultas como na própria relação entre médico e paciente, algo que deveria prevalecer no setor público, mas que inexiste neste País, onde profissionais mal pagos, sem infraestrutura necessária, fazem o que podem para fazer a fila andar.
Lamentavelmente, muita gente morre antes de chegar a sua vez no atendimento.
Com a proliferação dos planos de saúde e esfacelamento do atendimento público, cresceu sistematicamente a procura pelo setor privado. Qualquer empresa que se preze oferece planos de saúde a seus funcionários como um benefício social. Reza que um colaborador feliz por ter uma assistência médica para si e seus familiares, na ponta do lápis, produz mais e melhor.
Quem tem condição financeira um pouco melhor não pensa duas vezes em pagar por planos de saúde que, em tese, oferecem mais regalias, como atendimento preferencial, apartamentos privativos no caso de internação, além de acesso livre a uma rede de hospitais de ponta.
Porém, basta precisar do serviço para que o cidadão perceba que todo aquele conforto oferecido nas salas de espera não passa de perfumaria. O drama começa no momento de marcar uma consulta com um médico especializado. É comum o paciente precisar esperar períodos dos mais diversos, que – em alguns casos – superam dois meses. Marcado o horário, dificilmente ele é atendido pontualmente. Chega e senta-se à espera de sua vez. Vale quem chegou primeiro. Na frente do profissional – salvem-se algumas exceções – prevalece a lógica do setor público, onde a ordem é fazer a fila andar. O motivo é simples: a remuneração é bastante baixa, fazendo com que um médico tenha que ganhar por produção.
Houvesse um atendimento público de qualidade, menos gente precisaria dos planos privados, o que – via de regra – ajudaria a elevar a qualidade dos serviços prestados. Porém, como se percebe, a saúde não parece ser uma prioridade dos governos. Assim sendo, a quem paga, resta que tenha muita paciência nas salas de espera. A quem depende da saúde pública, deseja-se muita fé na espera por dias melhores.