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Atentado em Cumbica não seria ficção

O Brasil, mais uma vez dá mostras de seu amadorismo. Quase uma década depois de ter sido escolhido para sediar os Jogos Olímpicos de 2016 no Rio de Janeiro não se preparou para ser protagonista do maior evento esportivo do mundo. Problemas não faltam. Obras de mobilidade urbana que consumiram bilhões de dólares ainda não estão prontas (muitas não ficarão), instalações esportivas ainda sendo construídas, a despoluição da Baia de Guanabara ficou para depois, a Lagoa Rodrigo de Freitas continua sendo um vaso a céu aberto em plena Ipanema, funcionalismo público com atrasos de salários e a saúde em petição de miséria com o vírus zika espantando os melhores atletas do mundo do pódio.
 
Não bastasse isso há agora a questão da insegurança premente com os policias fazendo protestos e estendendo faixas no Aeroporto Tom Jobim (antigo Galeão) com os dizeres “Welcome to Hell” (bem-vindos ao inferno).
 
Inferno esse que pode piorar muito se um extremista decidir explodir algumas bombas por aqui. Não é difícil imaginar com que facilidade ele conseguiria realizar seu intento, afinal, nos morros cariocas já vimos demonstrações do poder de fogo dos traficantes com seus AR 15, AK 47, lança foguetes e outros brinquedinhos facilmente comprados no Paraguai que entram no Brasil sem maiores problemas.
 
Como consultor jurídico do Sindicato dos Trabalhadores de Vigilancia Privada, posso dizer que o Aeroporto de Cumbica em Guarulhos seria um alvo perfeito para tal ação, caso ela viesse a ocorrer. Explico:O aeroporto de Cumbica teve em 2014 um movimento de mais de 39 milhões de passageiros, e é a principal porta de entrada de estrangeiros no Brasil. O Ministério do Turismo acredita que cerca de 500.000 pessoas de mais de uma centena de países virão para o Brasil durante os jogos e que deste total cerca de 50% passarão por Cumbica.
O atentado no aeroporto de Atatürk (Istambul, Turquia) em junho só não fez mais vítimas porque lá a segurança é coisa séria e os terroristas começaram a ação ainda do lado de fora do terminal por conta das barreiras de segurança lá existentes.
 
Em Cumbica uma ação planejada assim seria potencializada dezenas de vezes, uma vez que nossa segurança é falha. Hoje o Aeroporto conta com pouco mais de 300 Seguranças para cuidar de todos os terminais, e mais a área das pistas. Se dividirmos isso por turnos teremos cerca de 75 homens por turno. Um disparate. Quando o Aeroporto foi inaugurado nos anos 1970 o número de partidas e chegadas era 5 vezes menor que hoje, o aeroporto operava com 50% da capacidade e haviam cerca de 800 Vigilantes para fazer a segurança.
 
Depois da privatização (ou concessão, como queiram) a Gru Airport substituiu os Vigilantes, homens treinados para a função de proteger o cidadão, por câmeras de monitoramento e por porteiros e controladores de acesso, esses últimos, profissionais que apenas olham o que está ocorrendo, mas que não tem treinamento adequado para situações de conflito e ou emergenciais. O que levou a Gru Airport a tal medida? Pura ganância. A economia gerada pela troca de Vigilantes por porteiros é ínfima perante a quantidade de dinheiro arrecadado com a operação do Aeroporto, cujas taxas de embarque estão entre as mais altas do mundo, o preço do estacionamento é escorchante e a locação de espaços para serem explorados comercialmente são abusivos. E com tudo isso, uma receita tão grandiosa, ainda assim não conseguiram pagar a parcela de pagamento da concessão aos Bancos. E quem paga o pato? Os conseguiram pagar a parcela de pagamento da concessão aos Bancos. E quem paga o pato? Os Vigilantes que perderam seus empregos e a população sem segurança.
 
Não é à toa que o número de ocorrências de furtos no aeroporto cresceu 19,% no último ano, o saque a bagagens de passageiros aumentou na casa de 30% nos últimos anos. Aliado a isso ainda temos os assaltos aos terminais de carga, transporte de valores e o caso do sumiço do Air Bus A380 da antiga Vasp, que arrematado em leilão simplesmente desapareceu do pátio do Aeroporto de Cumbica.
Com esse caos não é paranoia minha pensar que Jihad Ahmad Diyab, (terrorista ligado a Al Qaeda de Bin Laden e simpatizante do Estado Islâmico) fugiu do Uruguai simplesmente porque não estava aguentando o frio dos pampas e entrou clandestinamente no Brasil, afinal ao deixar o país vizinho e entrar clandestinamente no Brasil, Jihad deixou para trás seus direitos de refugiado.
 
Boa coisa ele não está tramando e baseado em nossa incapacidade de prevenção securitária, não será de se estranhar que um novo atentado que manchou para sempre o nome das Olimpíadas de Munique (1972) realmente possa ocorrer em terras tupiniquins, sendo a cereja do bolo da incompetência e descaso que virou a questão da Segurança no Brasil em geral e do Aeroporto de Guarulhos em particular.
Se olharmos atentamente o quadro exposto aqui Jihad tem todas as condições de fazer um atentado em Cumbica, com sua segurança negligenciada pelos responsáveis e colocando em risco a vida de milhares de brasileiros e turistas. Uma vitrine perfeita para os extremistas.
Que Alah, Jeová, Jesus, Buda, Krishina e todos os santos nos ajudem, porque Jihad está entre nós e com um discípulo de Bin Laden e agora simpatizante do Estado Islâmico não se brinca. 
 
Em questões de segurança, não se pode resolver com jeitinho.
 
José Winter é advogado.

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