Estadão

Atentado no Irã: o que se sabe sobre ataque com bombas que matou 84 pessoas

O ataque com duas bombas que deixou dezenas de mortos no Irã, na quarta-feira, 3, é um dos mais mortíferos a atingir país desde a Revolução Islâmica de 1979. Pelo menos 84 pessoas que participavam de uma homenagem ao general Qassim Suleimani, assassinado num ataque com drone em 2020, morreram em decorrência dos bombardeios, que foram reivindicados pelo Estado Islâmico nesta quinta-feira, 4.

O atentado ocorreu em meio à crescente tensão no Oriente Médio, com diferentes episódios de violência registrados na região nesta semana. Na terça-feira, 2, o número dois do grupo terrorista Hamas, Saleh Al-Aruri, de 57 anos, morreu em um ataque executado em um subúrbio do sul de Beirute, reduto do movimento xiita Hezbollah. Além disso, nesta quinta-feira, dois membros do Hashd Al-Shaabi (Forças de Mobilização Popular), uma facção iraquiana próxima ao Irã, morreram em um ataque realizado com um drone em Bagdá.

Veja o que se sabe até agora sobre ataque.

<b>Como foi o atentado?</b>

Duas explosões, com cerca de 15 minutos de diferença, ocorreram perto da mesquita Saheb al Zaman, onde está o túmulo de Soleimani, na cidade de Kerman. Segundo a agência oficial de notícias Irna, a primeira explosão ocorreu a 700 metros do túmulo de Soleimani, e a segunda, a um quilômetro de distância. Imagens divulgadas pela Internet mostraram a multidão tentando fugir do local, enquanto o pessoal de segurança isolava a área.

<b>Quantas pessoas morreram em decorrência das explosões?</b>

As autoridades disseram inicialmente que o atentado havia deixado 103 vítimas, mas o número foi revisto pois alguns nomes foram contados duas vezes. Nesta quinta-feira, 4, o serviços de emergência do Irã baixaram o total de mortos para 84. "Segundo os últimos números, 84 pessoas morreram", anunciou o chefe dos serviços de emergência do Irã, Jafar Miadfar, na televisão estatal.

O ataque deixou "284 feridos", dos quais "195 permanecem hospitalizados", acrescentou Miadfar. O ministro iraniano do Interior, Ahmad Vahidi, alertou, entretanto, que o número de vítimas ainda pode aumentar, já que alguns dos feridos se encontram em "estado crítico".

<b>Quem está por trás do ataque?</b>

O Estado Islâmico (EI) reivindicou o ataque nesta quinta-feira, 4. O grupo terrorista disse em comunicado divulgado por meio de seus canais do Telegram que dois dos seus membros "se dirigiram até uma grande concentração" perto do túmulo de Soleimani em Kerman e "detonaram seus cinturões explosivos".

O grupo terrorista identificou os dois homens-bomba como Omar al Mowhid e Saifalá al Mujahid, que cometeram o ataque para que "os politeístas saibam que os jihadistas estão por trás deles e dos seus projetos", segundo o comunicado.

A reivindicação do EI ocorreu após diversas especulações sobre a autoria. Na quarta-feira, 3, o Irã chegou a acusar Israel e os Estados Unidos. "Washington diz que os Estados Unidos e Israel não tiveram nada a ver com o atentado terrorista em Kerman. Sério? (…) Não se enganem. A responsabilidade por este crime recai nos regimes americano e sionista, e o terrorismo é apenas uma ferramenta", declarou Mohammad Jamshidi, conselheiro do presidente iraniano, Ebrahim Raisi.

Os Estados Unidos negaram estar "envolvidos de qualquer forma" e alegaram não ter "nenhuma razão" para acreditar que Israel tivesse algo a ver com isso.

<b>Quais foram as reações externas sobre o atentado?</b>

As dezenas de mortes decorrentes do atentado provocaram protestos no Irã e fortes reações internacionais. Ao anoitecer de quarta-feira, a multidão voltou ao local da explosão, gritando "Morte a Israel!" e "Morte aos Estados Unidos!". "Condenamos o amargo incidente terrorista de hoje (…) Espero que os autores do crime sejam identificados e castigados por seus atos", declarou a filha de Soleimani, Zeinab.

Em um comunicado, o governo venezuelano, aliado do Irã, condenou o ataque "nos termos mais enérgicos" e pediu que "os responsáveis por um ato tão repudiado sejam punidos".

O chefe da diplomacia da União Europeia, Josep Borrell, também condenou o ataque, em uma conversa com o ministro iraniano das Relações Exteriores, Hossein Amir-Abdollahian. "Condeno este ataque terrorista nos termos mais firmes e expresso (minha) solidariedade ao povo iraniano", disse Borrell nas redes sociais.

Na quarta-feira, o presidente russo, Vladimir Putin, classificou o ataque como "escandaloso por sua crueldade e seu cinismo". O Iraque se referiu, por sua vez, a um ato "terrorista". O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, também condenou "categoricamente" as explosões.

O governo brasileiro publicou uma nota condenando o ataque. "Ao expressar suas condolências aos familiares das vítimas e sua solidariedade ao povo e ao governo da República Islâmica do Irã, o Brasil reitera seu mais firme repúdio a todo e qualquer ato de terrorismo", diz a manifestação.

O Hamas, aliado do Irã, denunciou o "atentado criminoso", enquanto a Chancelaria saudita expressou sua "solidariedade com o Irã neste acontecimento doloroso". (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

Posso ajudar?