O índice de atividade da construção imobiliária (IACI) registrou alta de 1,2% em março ante fevereiro, de acordo com dados livres de efeitos sazonais do Monitor da Construção Civil (MCI), composto por um conjunto de índices elaborado em parceria entre a Tendências e a NeoCriactive. Na comparação com março de 2015, o índice recuou 8,7%. Com esse resultado, a atividade de construção imobiliária mostra queda de 11,0% no acumulado em 12 meses.
O resultado positivo no mês coincide com outros resultados positivos observadas no setor, como a alta nas vendas de imóveis novos e nos lançamentos de residências apurados no início do ano, e também com o ligeiro aumento nos indicadores de confiança dos agentes.
Apesar de positivo frente à trajetória de deterioração que tomou conta do setor nos últimos anos, especialistas apontam que ainda é cedo para vislumbrar recuperação sustentável, especialmente diante da instabilidade política e do forte ajuste econômico em curso.
“O setor da construção civil é altamente sensível à confiança dos agentes, que é afetada pelo ambiente político”, disse a economista da Tendências e especialista na construção civil, transporte e logística, Mariana Oliveira. Para a especialista, as preocupações sobre emprego e atividade econômica inibem a demanda por imóveis. “O investimento para a aquisição e a contratação de um financiamento exigem previsibilidade para renda futura”, acrescentou.
Do lado das incorporadoras, a perspectiva de demanda abalada afeta negativamente o apetite por novos projetos, principalmente em um cenário de nível elevado de unidades em estoque. “A decisão de investimento passa pela perspectiva de médio prazo, que é abalada pelo cenário político”, afirmou.
O IACI mede a área em construção (em fase de fundação, estrutura ou acabamento) de obras imobiliárias residenciais, comerciais, de turismo e outros, com abrangência nacional. Ao detalhar o IACI por tipo de obra, houve queda em dois dos três principais segmentos.
O segmento de imóveis comerciais registrou queda mensal de 2,2% e anual de 10,8%, enquanto a atividade de imóveis voltados para turismo registrou retração de 4,3% no mês e 21,8% no ano. Em residencial, a atividade registrou alta de 1,7% em março ante fevereiro e queda de 7,8% na comparação anual.
Apesar da alta mensal no segmento residencial, que puxou o indicador geral para cima, a especialista alertou que é difícil projetar elevações sustentadas. O crescimento da atividade, explicou Mariana Oliveira, ainda é concentrado na região Sudeste, enquanto outros locais se mantiveram em queda ou estáveis. “É um movimento pontual que não necessariamente mostra recuperação do mercado”, acrescentou.
Além disso, a economista ressaltou que a política de crédito da Caixa Econômica Federal mostra sinais divergentes. Por um lado, o banco anunciou no começo do ano um aumento na cota de financiamento para imóveis usados. Por outro, os juros do crédito imobiliário foram elevados pouco tempo depois. “As medidas para usados acabam afetando o mercado de imóveis novos. Com essas mudanças, a política da Caixa aparentemente dá com uma mão, mas tira com a outra”, disse.