O desempenho da indústria de São Paulo ficou estável em agosto na comparação com julho, na leitura com ajuste sazonal, segundo pesquisa da Federação e do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp e Ciesp). Alguns indicadores do levantamento, no entanto, ainda apontam para o fraco desempenho do setor manufatureiro nos próximos meses.
Em relação ao mesmo mês do ano passado, a atividade da indústria caiu 7,1%, acelerando o ritmo de queda com relação ao observado em julho, quando apontou contração de 3,9%.
Segundo o diretor do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos (Depecon) da Fiesp e do Ciesp, Paulo Francini, vale destacar que em agosto deste ano houve 21 dias úteis, um a menos do que em agosto de 2013.
“Então é um zero que não dá para sair dele grande alegria e nem dá para dizer que ele é a trajetória pela qual teria de se passar para ir a uma recuperação porque a recuperação nós não conseguimos enxergá-la no horizonte”, diz Francini.
O diretor do Depecon mantém a previsão de queda para o desempenho da indústria este ano em torno de 5%. Ele reitera que desde abril do ano passado a indústria entrou em rota de declínio. Segundo Francini, “devemos terminar o ano cumprindo essa trajetória”.
Próximo ano
O cenário de 2015 para a indústria também é incerto, afirma Francini, uma vez que o resultado das eleições para presidente ainda não se configurou.
“O que sabemos é que quem for eleito vai pegar uma raspa complicada porque a situação da economia brasileira e daquilo que se vislumbra não está um céu de brigadeiro. Pelo contrário, está um mar relativamente revolto”, analisa o diretor do Depecon.
Eventuais medidas do próximo governo para “dirigir um barco no meio de uma tempestade”, segundo Francini, devem ser tomadas no primeiro ano do novo mandato, já que as ações levam tempo de maturação.
Pesquisa
Segundo a Fiesp e o Ciesp, a atividade do setor manufatureiro em São Paulo ficou em 0,0% na passagem de julho para agosto, com destaque para a queda de 0,4% do componente Horas Trabalhadas na Produção.
Em relação a agosto de 2013, o indicador apontou queda de 7,1%. E no acumulado do ano, a performance do segmento caiu 6,7%, sem ajuste sazonal, o menor patamar da série histórica do levantamento, com exceção do ano da crise, 2009, quando caiu 14,1%.
A pesquisa de atividade da indústria também considera projeções para a Produção Industrial Paulista (PIM-SP), a qual deve cair 0,3%, segundo o Departamento de Economia da Fiesp e do Ciesp.
O desempenho da indústria de Veículos Automotores registrou ligeira queda de 0,1% em agosto versus o mês anterior, em meio a queda nos itens Total de Vendas Reais (-4,7%) e Horas Trabalhadas na Produção (-0,1%). Esta é a quarta queda consecutiva. Já no acumulado do ano, o segmento apresenta queda de 14,7%.
A atividade no setor de Máquinas e Equipamentos apresentou sua sétima queda consecutiva, de 1% em agosto ante julho, refletindo a diminuição em 2,4% da variável Total de Vendas Reais.
Já a indústria de Produtos Químicos registrou declínio de 1,6% no mês, abatido principalmente pela retração de 3,3% do componente Total de Vendas Reais.
Percepção
A percepção geral dos empresários diante do cenário econômico, medida pelo Sensor Fiesp, mostrou leve melhora este mês, a 48,6 pontos em setembro contra 45,6 pontos em agosto.
Francini pondera, no entanto, que essa é uma melhora típica do mês. “Nós esperávamos isso, em parte, porque o Sensor de setembro é normalmente melhor que o do mês de agosto.”
A variável Mercado também apresentou melhora, a 52 pontos no mês corrente versus 48 pontos no mês anterior. O mesmo aconteceu com o componente Investimento, que ficou em 49,2 pontos em setembro versus 46,9 pontos em agosto.
Já a percepção quanto ao item Emprego se mostrou estável, em 44,7 pontos em setembro ante 44,1 pontos em agosto. A variável Vendas também apresentou estabilidade, com 52 pontos contra 51,5 pontos no mês anterior.
De acordo com o levantamento, a percepção quanto ao componente Estoque apresentou significativa melhora em setembro para 44,9 pontos versus 37,7 pontos em agosto, indicando menos sobrestocagem.
“Estoque não é virtude. Portanto, se estão com excesso de estoque, as empresas vão trabalhar para reduzir. E, uma hora, elas conseguem.”