Estadão

Atletas brasileiros mostram seus rituais antes das competições em Pequim-2022

Quem não tem uma peça de roupa da sorte ou um ritual para trazer boas energias? Apesar não serem dependentes e não focarem tanto nisso, os atletas brasileiros que disputam dos Jogos Olímpicos de Inverno de Pequim-2022, na China, vão cumprir algumas rotinas antes de darem o melhor de cada um nas provas que terão a disputar.

A maioria apela para fé, como o piloto do bobsled, Edson Bindilatti. "Antes das descidas, depois que coloco o uniforme, a sapatilha e o capacete, faço uma oração, peço proteção para mim e para os meus companheiros, para que dê tudo certo. E também tenho um santinho que está sempre embaixo da minha palmilha no tênis e desce sempre comigo", disse o atleta, que leva a proteção de Nossa Senhora Aparecida no pé esquerdo.

Companheiro de Bindilatti no 2-man, Edson Martins também gosta de pedir ajuda divina antes da prova, mas não apenas para si mesmo. "Eu sempre gosto de fazer uma oração e pedir para que tudo corra bem com nosso time e com outras equipes", contou.

Eduarda Ribera, do esqui cross-country, já faz a sua oração antes de chegar no local de competição. "Eu costumo orar todos os dias, tanto quanto saio de casa normalmente ou para ir para a competição. Peço pra que Deus me proteja, que dê tudo certo na prova, e agradeço por mais uma oportunidade".

Outro como Jefferson Sabino e Erick Vianna, ambos da equipe de bobsled, focam na mentalização e nos sons. "Basicamente, o meu ritual antes da competição é mentalizar o que tenho que fazer e, durante o aquecimento, ouvir música", falou Erick, que tem uma playlist própria num aplicativo que vai atualizando de vez em quando.

"Gosto de ouvir músicas animadas, com batidas bem fortes na hora do aquecimento. Também acho importante fazer visualizações das corridas, da técnica para empurrar o trenó da melhor forma possível", disse Jeffão, que traz o costume de ouvir música desde os tempos do atletismo.

Nicole Silveira, do skeleton, criou uma rotina quase completa no pré-competição. "Quando vou me arrumar, depende do dia, eu penso que tem que começar com o pé direito primeiro, pegar o trenó com a mão direita e não com a esquerda. Gosto de tirar uns minutos, focar na respiração e aí visualizo a pista uma ou duas vezes. Depois, faço algumas afirmações positivas e, por último, eu gosto de olhar pra rua, principalmente aqui, que tem as montanhas, o céu geralmente está azul, e sentir um sentimento de gratidão por poder estar nos Jogos Olímpicos, que eu posso aproveitar e me divertir".

Experiente, Jaqueline Mourão contou que foi diminuindo suas superstições ao longo da carreira, mas que mantém apenas um costume. "Eu tinha algumas coisas, mas senti que ficava muito dependente dessas coisas e fui abandonando ao longo do tempo. Agora, a única que mantenho é sempre pisar com o pé direito no chão ao levantar a cama", disse.

Já Manex, por exemplo, tem uma rotina específica. Ele se sente mais confortável na competição se for ao banheiro antes da disputa. "Não é nem uma questão que eu precise, ou use como rotina. Eu apenas faço e me sinto mais aliviado. Geralmente, vou antes de sair pra competição para chegar na arena bem já. Ontem, por exemplo, fui duas vezes", contou o esquiador, que na terça-feira foi o melhor sul-americano e bateu o recorde de pontos do Brasil na modalidade em Jogos Olímpicos na prova de Sprint.

Como a sorte só ajuda quem está preparado, os treinos dos atletas do Time Brasil continuam a todo vapor. Nicole Silveira fez o nono melhor tempo na sua quinta descida no Centro Nacional de Esportes de Pista, em Yanqing, enquanto que os atletas do bobsled treinaram as entradas do trenó no mesmo local. Já a equipe de cross-country voltou ao Centro Nacional de Esqui Cross-country, em Zhangjiakou, para o treinamento antes das provas desta quinta e sexta-feira.

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