Esportes

Atletas quarentões demonstram alto nível técnico e superam limites físicos

Quando George Foreman retornou ao boxe, em 1987, aos 38 anos, foi chamado de “vovô”. Sete anos depois, o lutador se sagrou o mais velho campeão, aos 45 anos. Com a evolução da ciência, tecnologia e o treinamento, é cada vez maior o número de atletas que atingem os 40 anos em grande forma. Tom Brady, Manny Pacquiao, Kelly Slater, Fernando Prass, Valentino Rossi são apenas alguns exemplos.

“A fisioterapia usada como prevenção, alimentação correta, suplementos alimentares, métodos individualizados de treinamento e a evolução da humanidade ajudam a aumentar a longevidade no esporte”, disse o fisiologista Turíbio Leite de Barros, doutor em fisiologia do esporte. “Tem o lado físico, orgânico e genético, mas não se pode esquecer também do talento. Todos esses nomes são grandes atletas”, comentou Laercio Bertanha, professor de Educação Física há mais de três décadas.

Com o passar do tempo, o atleta perde massa muscular, velocidade, agilidade e força, mas, por outro lado, ganha resistência aeróbica, tem a técnica do esporte mais apurada a seu favor e aumenta perfeição na execução dos movimentos. Segundo os especialistas, esses atletas só atingiram esta idade com grande performance porque cuidaram do aspecto físico durante toda a carreira.

Tom Brady, quarterback do New England Patriots, demonstra a cada temporada uma precisão impressionante em seus passes. Isso não é de graça. Seu físico permanece inalterado aos 41 anos com ajuda de uma rotina espartana. O camisa 12 dorme todos os dias às 20h30 e acorda às 5h30, além de não consumir açúcar, farinha, tomate, pimenta, cogumelos e cafeína.

Em 2017, ele foi o grande líder do Patriots ao virar um placar de 28 a 3 a favor do Atlanta Falcons para 34 a 28. Dia 3, Brady jogará o Super Bowl pela nona vez, em busca do sexto título. “É difícil de acreditar”, disse o maior jogador da NFL de todos os tempos.

Campeão em oito categorias do boxe, o filipino Manny Pacquiao, de 40 anos, venceu o norte-americano Adrien Broner, 11 anos mais novo, há duas semanas, manteve o título dos meio-médios (até 66,678 quilos) e ainda prevê mais três anos de ação. “Nos combates não há como mudar a característica de lutar, mas nos treinos passamos a intensificar os exercícios para aumentar a potência e diminuir os gastos com a resistência”, disse o lutador.

Onze vezes campeão mundial de surfe, o norte-americano Kelly Slater somou poucas lesões em 28 anos de carreira. Aos 46 anos, sente dores nas costas, curadas com longas sessões de massagem. Treina boxe e jiu-jítsu para manter a força e a agilidade, mas soube se adaptar às novas manobras do surfe. Os aéreos, marca da nova geração, foram incorporados.

O espanhol Jorge Lorenzo, de 31 anos, tricampeão na MotoGP, destacou o que considera um diferencial de Valentino Rossi, prestes a completar 40 anos, na motovelocidade e dono de nove títulos mundiais. “A atitude é muito importante. Quando tem uma atitude passiva ou não quer fazer uma coisa, você está sempre cansado. Quando tem prazer e gosta do que faz, você consegue a energia”, explica Lorenzo. “E nisso o Valentino é único.”
Na NBA, o “voador” Vince Carter, aos 41 anos, ainda ajuda o Atlanta Hawks, com média de 6,8 pontos, em 16,7 minutos por jogo.

DNA – Até quem ainda está longe do 40 já aproveita a evolução da ciência para se cuidar. Um exemplo é Cristiano Ronaldo. Aos 33 anos, o jogador da Juventus recorreu, há três anos, a um teste genético para fazer uma dieta personalizada, prescrita especialmente para as características do seu DNA.

O objetivo é perder gordura e ganhar massa magra. A cada ano o craque perde um quilo. Aos 35 anos, em 2020, o atacante deverá estar com 80 quilos, contra os 85 que acumulava aos 30. “Cada vez mais os atletas de alto rendimento pesam menos para evitar lesões nas suas articulações”, disse Laercio Bertanha.

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