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Ato de alunos acaba em confronto com a PM e deixa 13 feridos; ocupação continua

Black blocs entraram em confronto com a Polícia Militar na noite desta quarta-feira, 9, na Praça da República, no centro da capital paulista, ao fim da manifestação dos estudantes contrários à reorganização escolar, já revogada pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB).

Durante o tumulto que se espalhou pela região, pelo menos 13 pessoas ficaram feridas – entre elas, oito PMs – e dez foram detidas. Três estudantes em fuga buscaram abrigo dentro de um teatro, que foi invadido pela PM.

A confusão começou por volta das 21 horas – três horas após o início da manifestação na Avenida Paulista -, quando mascarados lançaram rojões contra a Tropa de Choque, na frente da Secretaria Estadual da Educação. A PM revidou com dezenas de bombas de efeito moral e gás lacrimogêneo. Os black blocs reagiram com mais rojões – foram ao menos cinco explosões.

Na dispersão, os mascarados montaram barricadas com lixo e atearam fogo para impedir o avanço dos policiais. Viaturas e carros foram apedrejados, lixeiras e orelhões, depredados. Uma agência bancária foi atacada na Avenida São Luís. Um estilhaço feriu o repórter fotográfico Tiago Queiroz, do jornal O Estado de S. Paulo, que não precisou de atendimento médico.

Com o tumulto, o grupo que reuniu 3,5 mil pessoas, segundo os organizadores, e 2 mil, de acordo com a PM, se dispersou pelo centro da cidade. Foi quando três garotos entraram no Teatro de Arena Eugênio Kusnet, na Rua Teodoro Baima, a menos de 1 quilômetro da Praça da República.

“Eles foram jogando as motos contra os meninos. Entraram na bilheteria atrás deles e bateram com socos e cassetetes”, disse o diretor musical do Núcleo Bartolomeu de Depoimentos, Eugênio Lima, que fazia uma aula no local sobre violência policial, com base em caso dos panteras negras nos Estados Unidos. O teatro pertence à Fundação Nacional de Artes (Funarte), do governo federal.

Um dos garotos ficou ferido na face durante a operação da PM e foi encaminhado de ambulância para a Santa Casa de Misericórdia, no centro. No meio do confronto, estudantes discutiram com black blocs por discordar da estratégia de violência adotada pelo grupo minoritário. A aluna Renata Guimarães, de 16 anos, da Escola Estadual Godofredo Furtado, em Pinheiros, na zona oeste da capital, reclamou da ação da polícia e também lamentou a confusão.

“A polícia começou a jogar bomba a esmo em todo o mundo. Estávamos encostados nas paredes, e eles estavam jogando bomba”, disse Renata, que é a favor da continuidade das ocupações nas unidades enquanto não houver decisão coletiva de acabar com os protestos. “O problema é que a confusão acaba manchando o movimento”, disse a estudante em relação aos ataques dos black blocs.

Na Avenida São Luís, testemunhas relataram que um PM teria sacado um arma de fogo e disparado três vezes para cima. Entre os 10 presos, nove foram capturados na Rua Itacolomi, próximo da Rua da Consolação, onde estariam depredando lojas; outro foi detido com uma mochila com pedras.

A Secretaria da Segurança Pública classificou como “absolutamente necessária a intervenção da PM” no ato, em razão da depredação e agressões na região. “A atitude de grupos de manifestantes deixou clara a motivação política e criminosa dessa quarta, com diversos black blocs com o rosto encoberto, integrantes da Apeoesp e pessoas ligadas a partidos políticos”, acrescentou.

Pacífica

A manifestação começou pacífica no vão livre do Masp. Na Avenida Paulista, o grupo decidiu manter as invasões dos colégios – segundo a pasta, 136 unidades estavam tomadas por alunos ontem; o movimento chegou a ocupar 196 escolas no Estado. O movimento seguiu da Avenida Paulista para a 9 de Julho, passando pelas Praças 14 Bis e da Bandeira, Viadutos Maria Paula e do Chá, até chegar à Praça da República.

No percurso, o clima foi de protesto contra a política educacional de Alckmin – o governador pretendia fechar no próximo ano 93 escolas, transformar 754 em ciclos únicos e transferir 311 mil alunos, mas suspendeu a reorganização para “dialogar” com pais e alunos. “Tem de haver um planejamento de como será essa discussão nas escolas. Porque, até agora, o que vimos foi uma imposição”, afirmou Victor Pinheiro, de 16 anos, aluno do 2.º ano da Escola Estadual Moacyr Campos, na zona leste. A unidade chegou a ser ocupada, mas os estudantes já deixaram o prédio.

Para a estudante Munique Millian, de 17 anos, não há sinais de que o governo esteja disposto a abandonar totalmente o projeto de reorganização. “Quando começarem os debates nas comunidades, nas escolas, quando houver uma agenda de debate, a gente começa a acreditar”, disse a aluna do 3.º ano da Escola Estadual Salvador Rocco, na Vila Carrão. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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