Uma auditoria interna da Petrobras, concluída em maio, confirmou que houve direcionamento indevido para que o Grupo Schahin fosse contratado para operar o navio-sonda Vitoria 10.000 para explorações de petróleo em alto mar. O negócio seria uma compensação pelo empréstimo de R$ 12 milhões do Banco Schahin, em 2004, que teria como destino final o PT.
O intermediador da negociação, de acordo com os investigadores, foi o pecuarista José Carlos Bumlai, apontado como amigo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Bumlai foi preso nesta terça-feira, 24, alvo central da Operação Passe Livre, 21.ª fase da Lava Jato. “Foi aceita uma única proposta para construção do navio-sonda, ao passo que poderia haver um processo competitivo”, afirma o Relatório de Auditoria R02.E003/2015, de 18 de maio.
“O argumento apresentado para escolha da Schahin como operador, que consta no item 9 do DIP INTERDN 17/2007, aprovado pela Diretoria Executiva por meio da Ata 4.624, de 18 de janeiro de 2007, foi de que a Schahin International era detentora dos melhores índices operacionais na Bacia de Campos não se confirmam pelos documentos de avaliação da contratada relativos àquele período”, registra o relatório do gerente de Auditoria de Exploração e Produção da Petrobras, Paulo Rangel.
O documento anexado ao pedido de prisão de Bumlai informa que a “escolha da Schahin como parceira foi discricionária” e que “os bônus de 15%” a ser recebido pela empresa pela operação do navio-sonda “eram mais altos que os praticados, na faixa de 10%”. O documento foi elaborado por uma equipe de quatro auditores, Róbson Costa, Álvaro Rocha, André Luis Alencar e Bianca Madeira.
O documento foi considerado pelo juiz federal Sérgio Moro, que conduz os processos da Lava Jato, uma das provas relevantes de que existiu o esquema de direcionamento e corrupção no contrato revelado por pelo menos quatro delatores.
Relatório de Auditoria R02.E003/2015 confirmou que “houve direcionamento indevido para contratação da Schahin, não estando a escolha amparada por critérios técnicos”, destacou Moro. “Em especial, a justificativa utilizada para a contratação da Schahin para operar o navio-sonda não tinha amparo técnico.”
Para o juiz, a auditoria da Petrobras iniciada em março e concluída em maio, é “uma primeira e relevante prova de corroboração” da versão convergente contada pelos delatores, entre eles um dos donos da Schahin, Salim Schahin, e o ex-presidente do Banco Schahin, Sandro Tordin.
O empresário e pecuarista José Carlos Bumlai nega que o empréstimo tomado junto ao Banco Schahin tenha sido destinado ao PT. Ele afirma que a operação não tem ligação com a contratação do navio-sonda Vitoria 10000.