O procurador-geral da República, Augusto Aras, tem um novo vice: Luiz Augusto Santos Lima, que entra no lugar de Lindôra Araújo. A movimentação, formalizada nesta quarta-feira, 30, deixa de fora os processos criminais que tramitam no Supremo Tribunal Federal (STF), pacote em que ficam os processos da Operação Lava Jato.
Na última sexta, 25, Aras designou o subprocurador Humberto Jacques de Medeiros para atuar especificamente nesses processos. Antes, eles faziam parte do acervo sob responsabilidade de Lindôra.
Também ficam de fora da atuação do novo vice-procurador-geral os processos dos acusados de vandalizar as sedes dos Três Poderes em Brasília no dia 8 de Janeiro. Esses casos, desde o princípio, são de responsabilidade de um grupo específico – Grupo Estratégico de Combate aos Atos Antidemocráticos (GCAA) – coordenado pelo subprocurador Carlos Frederico Santos.
O afastamento de Lindôra se dá por questões de saúde. Como mostrou o <b>Estadão</b>, ela estava em férias nos Estados Unidos e precisou fazer uma cirurgia de emergência devido a uma obstrução intestinal. A portaria de nomeação do novo vice, Luiz Augusto Santos Lima, não fala em prazo para a substituição.
<b>Terceiro mandato e aceno a Lula</b>
A movimentação acontece ao apagar das luzes do segundo mandato de Aras na Procuradoria-Geral da República. Ele tem feito gestos que sinalizam o interesse em uma recondução. Não existe proibição legal para um terceiro mandato, embora não seja usual.
Escolhido para ser procurador-geral por Jair Bolsonaro, Aras se mostrou um aliado fiel do ex-presidente durante a gestão. Lindôra foi responsável pelo arquivamento de vários assuntos sensíveis para a gestão presidencial passada, inclusive em casos em que a Polícia Federal concluiu que houve crime.
A atuação de Lindôra na condução nacional da Lava Jato foi decisiva para a desestruturação da força-tarefa. Ela fez uma visita aos gabinetes de Curitiba e pediu para ter acesso a documentos da operação, causando uma reação dos procuradores, que levaram o caso para a Corregedoria do MPF e para Augusto Aras. O episódio deu início a uma crise interna no órgão.
Dentro do MPF, a antiga vice-procuradora é vista como uma voz bolsonarista. O afastamento dela e a designação de outro nome para os casos criminais do Supremo são gestos que podem ser considerados acenos de Aras à ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em busca do terceiro mandato no comando da PGR.