Estadão

Ausência de NY e agenda esvaziada levam Ibovespa à queda, apesar da alta minério

A força do minério de ferro e dos índices futuros de ações em Nova York nesta segunda-feira, 29, é insuficiente para estimular alta do Ibovespa neste início de semana. Na anterior, o índice fechou com ganho de 0,51%, indo para um quinto período semanal de elevação.

"A agenda vazia e os feriados nos Estados Unidos e no Reino Unido deixam o investidor saber muito o que fazer", avalia Gabriel Mota, operador de renda variável da Manchester Investimentos.

Após subir 0,24%, com máxima aos 111.168,05 pontos, o Ibovespa virou para o negativo, para a faixa dos 110 mil pontos, com mínima aos 110.240,60 pontos (-0,35%).

"Hoje é um dia de testar a paciência. Nada mais é do que uma realização de lucros", diz o estrategista-chefe do Grupo Laatus, Jefferson Laatus.

Os índices futuros de ações em Nova York têm viés de alta, após um acordo preliminar para elevar o teto da dívida dos Estados Unidos e evitar um calote. Só que as bolsas norte-americanas não abrirão por conta de feriado nesta segunda. "Acredito que o mercado acreditava na narrativa de que sempre chegaria a um acordo, é praticamente um teatro político. Grande parte das fichas já consideravam que teria um acordo, mas sempre existe cautela", afirma Mota, da Manchester.

No Reino Unido também é dia de folga, o que tende a minguar o já baixo volume financeiro na B3. Por ora, a projeção é que o giro financeiro atinja R$ 15,6 bilhões no fim do pregão, inferior à média diária já considerada baixa de pouco mais de R$ 20 bilhões.

A agenda também não ajuda, pois está esvaziada, mas ganhará força ao longo da semana. No Brasil, destaque para a divulgação do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro do primeiro trimestre e, nos EUA, do relatório oficial de emprego, o payroll, na sexta.

"O payroll ganha esse destaque após a divulgação da inflação ao consumidor medida pelo PCE na última semana, cujo resultado ficou um pouco superior ao esperado, e também discursos de dirigentes do Fed e também do próprio presidente Jerome Powell, no sentido de que se houver necessidade, a autoridade monetária pode apertar ainda mais as condições monetárias", avalia a economista-chefe do TC, Marianna Costa. Atualmente, cresce a possibilidade de nova alta de 0,25 ponto porcentual no juro americano em junho.

Neste sentido, fica difícil o principal indicador de referência da B3 testar novas marcas e consequentemente consolidá-las. Os juros futuros, por exemplo, miram alta, após quedas recentes. Na sexta-feira, o Índice Bovespa subiu 0,77%, fechando aos 110.905,51 pontos, puxado por Nova York e questões internas.

As perspectivas de que um início de queda da Selic está se aproximando, quem sabe já em agosto, seguem animando os investidores. Só que na Focus desta semana, as expectativas para o juro básico de 2023 a 2025 foram mantidas. Já a estimativa mediana para o IPCA deste ano cedeu de 5,80% para 5,71%, ficando inalterada nos demais anos.

Apesar da elevação do minério, o petróleo recua, impactando as ações da Petrobras. Segundo Gabriel Mota, da Manchester, após o acordo nos EUA, o que se vê é uma volatilidade forte nas commodities. "O petróleo sobe por conta de projeções de aumento de juros nos Estados Unidos, enquanto o minério tenta um pouco mais de retorno, ajudando Vale, que cedeu na semana. E os papéis da Petrobras ainda não realizaram."

Às 11h08, o Ibovespa caía 0,05%, aos 110.486,44 pontos, depois de recuar 0,57%, na mínima aos 110.272,53 pontos, ante máxima diária de 111.168,05 pontos, quando avançou 0,24%. Vale tinha elevação de 0,65%. Petrobras, por sua vez, cedia 0,60% (PN) e -1,13% (ON).

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