O governo conservador da Austrália apresentou hoje seu orçamento, afrouxando a austeridade em troca de um documento focado na promoção do crescimento, enquanto busca melhorar sua popularidade e evitar o risco de um rebaixamento no rating do país nas agências de classificação de risco.
Oferecendo concessões tributárias generosas para pequenas empresas para encorajar investimentos e apoio extra para os pais deixarem as crianças enquanto voltam ao trabalho, o secretário do Tesouro, Joe Hockey, busca ganhar a simpatia dos eleitores alienados pelo último orçamento, que enfatizava a austeridade fiscal. O governo precisa convocar eleições gerais em algum momento do próximo ano.
Como muitas economias avançadas desde a crise financeira, a Austrália está lutando para equilibrar a necessidade de maior disciplina fiscal com políticas que destravem o potencial de crescimento econômico do país. Ainda assim, Hockey prometeu ser capaz de retornar ao superávit dentro de cinco anos, a fim de responder às preocupações, levantadas pelo Goldman Sachs e por outros, de que a Austrália possa perder seu rating de crédito AAA por fracassar em acabar rapidamente com uma série de déficits.
O tom do orçamento divulgado hoje não poderia ser mais diferente do que o do ano passado, que enfureceu muitos eleitores porque veio acompanhado de uma retórica de austeridade, junto com os cortes agressivos. Na ocasião, Hockey advertiu sobre uma “emergência orçamentária”. A popularidade do governo caiu imediatamente e permanece abaixo do apoio ao oposicionista Partido Trabalhista.
Hoje, a linguagem foi mais otimista, enfatizando as oportunidades para a Austrália no momento em que a economia global reage, e quando uma leva de gás natural liquefeito recentemente desenvolvido começa a ser exportado ao mundo. Hockey também prometeu mais investimento no norte do país, para ajudar a desenvolver o potencial da região como um celeiro alimentar.
Hockey previu que o déficit recuará para 35,1 bilhões de dólares australianos no próximo ano fiscal e continuará caindo até que um superávit seja alcançado no ano fiscal de 2020. As projeções são baseadas em previsões otimistas sobre o nível para o qual o desemprego recuará e para o preço em que o minério de ferro, principal item de exportação australiano, deve cair.
O preço do minério de ferro recuou em mais de 50% ao longo do ano passado, reduzindo o dinheiro recebido em impostos pelo governo em até 52 bilhões de dólares australianos, com a oferta ultrapassando a demanda da China, principal parceiro comercial da Austrália. Hockey disse esperar que os preços continuem a cair, mas que eles devem ficar em US$ 48 a tonelada ao longo do próximo ano fiscal – não tão mau quanto muitos temem. A taxa de desemprego, hoje em 6,2%, deve chegar em 6,5% em algum momento do próximo ano.
Hockey também disse ver sinais promissores na economia mundial, como o quase pleno emprego nos EUA, a melhora na Europa e a retomada do crescimento no Japão, enquanto as taxas de crescimento da China seguem robustas. “Esta é a oportunidade de crescimento que a Austrália vinha esperando pacientemente”, afirmou ele. Fonte: Dow Jones Newswires.